Enquanto o cobre chileno é vendido na moeda de seu país e o café brasileiro tem preço dependente do real, as exportações de ambos os produtos alcançaram recordes históricos.
A razão disto estaria na desvalorização tanto do peso chileno como do real brasileiro diante do dólar americano, o que tornou os produtos mais baratos e, consequentemente, incentivou as exportações.
"No Brasil é como uma festa. [...] O montante exportado [de café] tem sido enorme, e continuará assim", declarou ao Financial Times o analista da Rabobank, Carlos Mera.
Ainda de acordo com a mídia, além do café, as exportações da soja brasileira alcançaram a marca de 10 milhões de toneladas em outubro e novembro, evento favorecido pela queda do real, o qual já se desvalorizou em 6% neste ano.
Já no Chile, o peso chileno registrou desvalorização de 8% no último mês e 10% ao longo do ano. No mesmo rumo de desvalorização, o peso argentino também registrou queda de 37% em 2019.
Como resultado, o dólar passou a ser comercializado a 60 pesos argentinos neste ano frente aos 10 pesos ainda em 2015, conforme publicou a Reuters.
Como resposta, os Bancos Centrais do Brasil e Chile tiveram que intervir em novembro para apoiar suas moedas nacionais após as mesmas alcançarem mínimos históricos diante da moeda americana, em meio a tensões sociopolíticas nas nações latino-americanas.
Lado obscuro da história
Apesar das maiores exportações, a desvalorização das moedas latino-americanas traz consigo alertas.
Em primeiro lugar, as importações podem ser afetadas, visto que os produtos estrangeiros deverão ganhar valor nos mercados latino-americanos.
Da mesma forma, a desvalorização das moedas nacionais afugenta o capital estrangeiro. A razão disto é que o capital prefere economias em crescimento com moedas mais estáveis e Estados mais fortes.
Além disso, a desvalorização da moeda nacional frequentemente provoca inflação, que é motivada com o aumento do valor das mercadorias importadas que, consequentemente, acarreta subida dos preços no mercado interno.