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Dallagnol: É 'irresponsabilidade' dizer que Lava Jato quebrou empresas

Após críticas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, à Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol disse que era "irresponsabilidade" afirmar que a operação "quebrou empresas".
Sputnik

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da corte disse que "o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente" e que "a Lava-Jato destruiu empresas".

O chefe da Lava Jato em Curitiba rebatou as acusações por meio do Twitter. "Dizer que a Lava Jato quebrou empresas é uma irresponsabilidade: é fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção", afirmou Dallagnol. 

Toffoli enalteceu a importância da operação, afirmando que ela "desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção".

Mas, segundo o magistrado, existe insegurança jurídica sobre os acordos de leniência, o que fez com que empresas quebrassem, o que "jamais aconteceria nos Estados Unidos" ou na "Alemanha". Toffoli afirmou ainda que o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente. 

'Responsáveis são os criminosos. A Lava Jato aplicou a lei'

Dallagnol postou cinco mensagens no Twitter rebatendo as críticas. De acordo com o procurador, a opinião do presidente do STF é o mesmo que "culpar pelo homicídio o policial porque ele descobriu o corpo da vítima, negligenciando o criminoso".

"Os responsáveis são os criminosos. A Lava Jato aplicou a lei", afirmou. 

​Para o procurador, culpar a Lava Jato pela quebra de empresas, opinião compartilhada por outros especialistas na área jurídica além de Toffoli, "é fechar os olhos para a raiz do problema, a prática por muitos políticos e empresários de uma corrupção político-partidária sanguessuga, que drena a vida dos brasileiros". 

Deltan afirmou ainda que a operação "vem recuperando por meio dos acordos mais de R$ 14 bilhões de reais para os cofres públicos, algo inédito na história", e que a Lava Jato continuará "aplicando a lei, que ainda é muito inefetiva no Brasil". 

Dallagnol defende prisão após primeira ou segunda instância

Ele também aproveitou para defender a prisão após primeira ou segunda instância. "Nos Estados Unidos, a prisão acontece depois da primeira ou segunda instância. Sem efetividade da lei, não há rule of law ou estado de direito", disse. 

Outro integrante da força-tarefa na capital paranaense, o procurador Roberto Pozzobon, também criticou Toffoli. 

"Respeitosamente, Min. Toffoli, a Lava-Jato não 'destruiu' empresa nenhuma. Descobriu graves ilícitos praticados por empresas e as responsabilizou, nos termos da lei. A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a Lava-Jato não fez", afirmou. 

​Diálogos divulgados pela site The Intercept e outros veículos de imprensa indicam supostas irregularidades cometidas pelos integrantes da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça. 

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