Ameaçado de prisão, Morales desafia opositores e diz que voltará à Bolívia

O líder boliviano deposto Evo Morales afirmou nesta terça-feira que planeja voltar ao seu país de origem antes do próximo Natal, depois de se exilar na vizinha Argentina após uma eleição controversa.
Sputnik

Em entrevista concedida em Buenos Aires, onde Morales encontrou refúgio depois de se declarar vencedor do quarto mandato nas eleições de outubro, o ícone socialista sul-americano disse que está ajudando seu partido a se preparar para as próximas eleições.

Membros de sua coalizão do Movimento pelo Socialismo (MAS) se reunirão em Buenos Aires neste domingo para começar a eleger seus candidatos. Quando perguntado sobre seus próprios planos e se ele retornaria à Bolívia para o próximo ano, Morales declarou que não havia dúvida sobre isso.

"Por razões de segurança, não posso detalhar todo o plano que temos para retornar à Bolívia. Você tem que voltar ao seu país e não consegue entender. O governo de fato não é transitório", destacou ele à Agência Reuters.

"Se fosse uma transição, não começaria a mudar políticas econômicas, programas sociais, apenas garante [deveria apenas garantir] eleições", acrescentou.

O ex-presidente disse ter certeza de que sua coalizão recuperará a presidência. A vitória de Morales nas eleições de outubro foi questionada devido a irregularidades detectadas pelos auditores internacionais.

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O escândalo causou tumultos que causaram dezenas de mortes e obrigou Morales a renunciar e deixar a Bolívia em meados de novembro para receber asilo no México, no que ele considerou um golpe de Estado.

O líder indígena negou ter agido mal e afirmou que seu único arrependimento era não ter uma inteligência precoce sobre o que considera o golpe que o derrubou.

"Lamento muito que nem a inteligência da polícia boliviana, nem as Forças Armadas tenham nos avisado como haviam se preparado para o golpe", explicou.

Os legisladores nomearam um tribunal eleitoral que deverá definir novas eleições em 2 de janeiro dentro de 120 dias.

Enquanto isso, os promotores emitiram um mandado de prisão contra Morales por sedição, terrorismo e financiamento do terrorismo, promovido pelo governo da presidente interina Jeanine Áñez, ex-senadora e oponente de Morales.

Evo descartou concorrer como candidato e nomeou Luis Arce Catacora, seu ex-ministro da Economia, e Andrónico Rodríguez, chefe-chave do Sindicato dos Plantadores de Coca, como possíveis candidatos à presidência pelo MAS.

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