Evo Morales acusa EUA de serem 'cúmplices do golpe' na Bolívia 'como nos tempos do Plano Condor'

Ex-presidente da Bolívia reage ao pedido dos EUA para que Argentina limite suas atividades políticas, acusando os EUA de cumplicidade com o golpe de Estado de 10 de novembro deste ano.
Sputnik

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, assegurou neste sábado (28) que a "cumplicidade dos EUA" com o golpe de Estado no país andino é "evidente". As declarações foram uma reação ao pedido da embaixada norte-americana em Buenos Aires para que a Argentina limite o status de asilo político do ex-mandatário.

"A cumplicidade dos EUA é tão evidente no golpe de Estado na Bolívia, que a embaixada norte-americana na Argentina fala pelos golpistas e pede ao governo do presidente Álvaro Fernández que limite meu asilo político, como nos tempos do Plano Condor", tweetou.

​Em declaração à imprensa, a Embaixada dos EUA em Buenos Aires pediu que a administração de Fernández apoie "a democracia na Bolívia" e solicitou que Evo Morales "não abuse do seu status" de asilado político na Argentina.

Resposta argentina

De acordo com a agência de notícias Telam, o governo argentino não responderá às declarações norte-americanas e reiterou que Evo Morales continuará suas atividades políticas no país.

O ex-presidente boliviano convocou uma reunião da direção de seu partido político, o Movimento ao Socialismo (MAS), a ser realizada em Buenos Aires em 29 de dezembro.

Evo Morales acusa EUA de serem 'cúmplices do golpe' na Bolívia 'como nos tempos do Plano Condor'

Na reunião, o partido deve discutir a realização da escolha de seus candidatos às eleições bolivianas, que devem ocorrer em 2020.

"Se querem realizar eleições livres e transparentes, que coloquem um fim à perseguição política e me deixem entrar na Bolívia. Não vou ser candidato nestas eleições, mas tenho o direito de fazer política", declarou Evo quando anunciou o evento.

O Plano Condor

A Operação Condor foi uma coordenação de ações e apoio mútuo entre os EUA e as ditaduras militares de Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e Bolívia realizada nas décadas de 70 e 80.

De acordo com organizações de defesa dos direitos humanos, as ações coordenadas pelo plano resultaram em cerca de 30.000 desaparecidos e 50.000 assassinados.

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, foi coagido a renunciar ao posto após perder o apoio das forças de segurança bolivianas, em 10 de novembro de 2019.

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