Na edição deste ano, o relatório produzido pelo centro de estudos que organiza o Fórum elencou os eventos climáticos, a perda de diversidade e incidentes como vazamentos de petróleo e contaminação radioativa, como as maiores preocupações a serem debatidas.
O economista e professor de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará, Fábio Sobral, em entrevista à Sputnik Brasil, declarou que o presidente Jair Bolsonaro teve uma participação "insuficiente" no Fórum de Davos no ano passado e o tema ambiental deve tê-lo feito se afastar para enviar jogar o ministro Paulo Guedes.
"O Brasil ficou marcado internacionalmente como um país que passou a desrespeitar a natureza, a permitir a não punir as agressões a ambientalistas, nações indígenas, aos defensores do meio ambiente. E também ficou marcado pelas falas do presidente ao atacar Greta Thunberg, e também atacar Leonardo DiCaprio, e organizações não-governamentais, quando tais organizações foram acusadas de atearem fogo contra a Floresta Amazônica, em declarações absurdas, descontroladas", afirmou.
"Eu acho que esse governo perdeu o senso da realidade. Ele passa a discutir o mundo de uma maneira agressiva, passa a defender a agressividade sobre a natureza", acrescentou o especialista.
De acordo com o economista Fábio Sobral, o descaso do Brasil com o meio ambiente contradiz a ideia de enviar Paulo Guedes com um propósito de vender o Brasil para grandes investidores, tendo em vista as tendências do mercado de dar atenção aos problemas climáticos.
"Ele [Bolsonaro] e o ministro Ricardo Salles desenvolvem um programa de abandono da proteção ambiental, de desmonte dos órgãos de fiscalização, de favorecimento do setores desmatadores do meio ambiente, e aí ele coloca o Paulo Guedes como alguém que vai 'vender o Brasil para grandes investidores'", disse.
Fábio Sobral destacou que o Brasil tem se afastado cada vez mais das "regras da própria existência do mercado internacional, que passa a exigir cada vez mais a responsabilidade ambiental".
"O funcionamento da economia a partir dos próximos anos será cada vez mais desenhado pela questão ecológica. Se você devasta um rio, a possibilidade dos gastos posteriores com esta devastação de um rio, de uma floresta, que são extremamente necessários para o funcionamento da natureza [..] isso traz tamanhos gastos e prejuízos, que lidar hoje com a economia sem compreender o papel da natureza é um suicídio", frisou o economista.