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Cientistas brasileiros pesquisam na Antártica consequências do aquecimento global

Pesquisadores brasileiros estão na Antártica, desde o início deste mês, em expedição para avaliar efeitos do aquecimento global.
Sputnik

Hospedados no navio polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil, ancorado na baía do Almirantado, na região da Estação Antártica Comandante Ferraz, cientistas de três universidades do Brasil estão realizando coletas de amostras de água e de sedimentos marinhos a serem analisadas para determinar como o continente antártico vem se modificado em função das alterações ambientais na Terra.

O objetivo principal da pesquisa, coordenada por um professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é trabalhar com o ciclo do carbono, elemento químico presente na composição dos seres vivos que também se encontra dissolvido nos oceanos e na atmosfera, onde aparece na forma gás carbônico (CO2), um dos compostos diretamente relacionados ao aquecimento global. 

​Em entrevista à Sputnik Brasil, o docente César de Castro Martins, do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR, explica que as informações sobre o ciclo do carbono, principalmente quando se pensa na componente molecular e isotópica no ambiente marinho antártico, são bastante escassas. Daí a motivação para essa pesquisa. 

"E essas pesquisas, considerando essas faces do carbono, são muito importantes, porque elas podem nos dar algumas dicas de como o ambiente antártico está respondendo às alterações ambientais que estão sendo promovidas pelo homem no planeta como um todo", afirma o especialista, ponderando que a dificuldade de acesso ao continente gelado contribui para essa escassez de pesquisas. 

Sobre a relação entre aquecimento global e aceleração do degelo, o professor destaca que essa questão ainda é bastante polêmica, cercada de muitos estudos tanto controversos como conclusivos. Mas, no que diz respeito à região da atual análise, há, sim, uma variação "dramática" de temperatura e consequente degelo, com várias consequências.

"Com o degelo, você tem uma entrada de água doce, vindo da geleira, no ambiente marinho, que é um ambiente constituído de água salgada. E essa mudança na salinidade pode levar a uma série de mudanças ambientais, afetando os organismos que estão presentes ali nessa coluna d'água e que, de certa forma, são responsáveis por captar uma parte desse gás carbônico que está na atmosfera ou que está dissolvido na água do mar", explica Martins, reforçando que justamente essa ação desses organismos poderia ser um mecanismo de limitação desse efeito estufa.

Além do professor da UFPR, participam dessa expedição à Antártica Rafael André Lourenço, da Universidade de São Paulo (USP), e Tatiane Combi, docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto "As múltiplas faces do carbono orgânico e metais no ecossistema subantártico: variabilidade espaço-temporal, conexões com fatores ambientais e a transferência entre compartimentos (CARBMET)" foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no âmbito da Chamada do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) em novembro de 2018, e é desenvolvido por meio de cooperação entre a UFPR, a USP, a UFBA, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS). 

​Nessa viagem, os cientistas contam com o apoio do Ministério da Defesa, utilizando aviões da Força Aérea Brasileira e embarcações da Marinha do Brasil. Na verdade, o PROANTAR conta com o suporte das Forças Armadas desde sua criação, em 1982. 

"Os militares acabam apoiando a gente mais do ponto de vista logístico: na condução de botes, auxiliando na montagem de equipamentos e conduzindo, basicamente, as embarcações utilizadas", resume o pesquisador ouvido pela Sputnik.

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