Dentro do espectro de 180 países avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2019, o Brasil figura na 106ª posição, com 35 pontos. Foi a mesma pontuação do ano anterior e, segundo o relatório, se justifica pela "interferência política" do presidente Jair Bolsonaro.
A Transparência Internacional avaliou que o mandatário brasileiro atuou junto a órgãos de controle e pela paralisação de investigações que utilizavam dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – atualmente chamada de Unidade de Inteligência Financeira (UIF).
"Após as eleições de 2018, que foram profundamente influenciadas por acentuada narrativa anticorrupção por parte de diversos candidatos, o Brasil passou por uma série de retrocessos em seu arcabouço legal e institucional anticorrupção", diz o documento.
"Dentre os desafios atuais, há a crescente interferência política do presidente Bolsonaro nos chamados órgãos de controle e a aprovação de legislação que ameaça a independência dos agentes da lei e a accountability [responsabilização] dos partidos políticos", acrescentou.
Outro momento mencionado pelo documento envolveu a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de paralisar investigações que usavam dados do Coaf sem autorização prévia – entre os beneficiados estava o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República. O plenário da Corte reverteu a decisão em novembro.
O ranking da TI é montado com base nos níveis percebidos de corrupção no setor público por especialistas e empresários – quanto menor a nota maior é a percepção de corrupção no país.
Os cinco países mais bem colocados no ranking da TI são Dinamarca (87), Nova Zelândia (87), Finlândia (86), Singapura (85) e Suécia (85). Na outra ponta, os cinco piores são Venezuela (16), Iêmen (15), Síria (13), Sudão do Sul (12) e Somália (9).