A província mais austral da Argentina e do mundo, a Terra do Fogo, compreende também uma fração da Antártica, continente descoberto por navegadores russos, e as ilhas do Atlântico Sul. Enquanto continua a reivindicação do país sul-americano em organismos internacionais pela soberania das ilhas Malvinas, não há discussão sobre o valor simbólico, sentimental e político destes territórios para o conjunto da sociedade.
"As Malvinas não pertencem a nenhum governo, é uma questão de Estado e, como tal, merecem uma continuidade, uma construção de um relato que potencialize os distintos atores que existem nesta causa", disse à Sputnik Mundo Edgardo Esteban, diretor do Museu dedicado às Malvinas e primeiro ex-combatente nomeado para o cargo.
Em 6 de novembro de 1820, a Argentina, chamada então Províncias Unidas do Rio da Prata, hasteou pela primeira vez sua bandeira nas ilhas, no que se conhece como a tomada de posse do arquipélago, território que passa ao controle local logo após a independência da coroa espanhola.
Em 1833, o Império Britânico invadiu as ilhas, expulsou os habitantes argentinos de Porto Soledad e se instalou pela força no território.
A missão do Museu Malvinas e Ilhas do Atlântico Sul
"As Malvinas são argentinas, não há um só argentino que pense o contrário. Temos que reforçar, trabalhar na pedagogia para transmitir essa mística às novas gerações a partir da pluralidade de vozes", insistiu o autor do livro "Iluminados pelo Fogo", que foi adaptado ao cinema por Tristán Bauer, atual ministro da Cultura.
Esteban assegurou que seu desafio é ter um museu que tenha novos setores com o papel de gênero, meio ambiente e ecologia, com diversas vozes, fomentando o intercâmbio com outras áreas do governo como a Educação, Chancelaria, Defesa e Mulher, Gênero e Diversidade.
O Museu Malvinas foi inaugurado em 2014 e transcende o conflito bélico. Trata-se de uma combinação de espaço de registro historiográfico, geográfico e biológico, que tem um espaço importante dedicado à guerra, mas também funciona como porta de acesso, à distância, ao arquipélago e à Antártica argentina.
Aqui convivem mapas e maquetes, relíquias bélicas, representações de animais autóctones, assim como diversos artefatos que conectam a história e o imaginário argentinos às ilhas.