'Vamos aprofundar relações', dizem EUA sobre Brasil após perda do status de país em desenvolvimento

Dois dias depois de retirar o Brasil da lista de países considerados em desenvolvimento, a administração norte-americana afirma que vai aprofundar relações com o governo de Jair Bolsonaro.
Sputnik

A declaração foi feita pelo Secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, na tarde desta quarta-feira (12).

"Olhando para as Américas, o Brasil é o nosso aliado mais natural na região, então vamos aprofundar a nossa relação com o novo governo brasileiro", disse Brouillette em resposta à Sputnik Brasil durante coletiva de imprensa na cidade de Sines, em Portugal.

O representante de Donald Trump esteve no Rio de Janeiro no início do mês de fevereiro para o primeiro Fórum de Energia Brasil-Estados Unidos. O encontro resultou na assinatura de acordos para desenvolvimento de energia nuclear e comprometimentos para o setor de óleo e gás.

Questionado pela Sputnik Brasil, Dan Brouillette avaliou a visita como "maravilhosa", com momentos favoráveis para diálogos bilaterais.

"As conversas foram muito importantes para os Estados Unidos. O Brasil tem sido um aliado, assim como Portugal. Nós somos amigos há séculos e penso que se podemos reforçar e aprofundar nossa relação com Brasil e Portugal, será benéfico", disse. 

'Vamos aprofundar relações', dizem EUA sobre Brasil após perda do status de país em desenvolvimento

Em Portugal, disputa com a China

O Secretário de Energia norte-americano falou com a imprensa depois de visitar as instalações do porto de Sines, equipamento que considera ter uma "posição estratégica" para as exportações de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos para a Europa.

No último mês de outubro, o governo de Portugal abriu concurso público para a construção e administração do terminal Vasco da Gama, a nova plataforma do porto de Sines. Dan Brouillette confirmou o interesse de empresas norte-americanas na concorrência. A comitiva do secretário incluiu vários CEO’s e representantes de companhias dos Estados Unidos.

No entanto, a disputa vai ser contra a China, que também tem forte interesse no equipamento. Pela posição geográfica, o porto de Sines é um ponto importante para o programa Faixa e Rota, considerado a nova "rota da seda", alusão ao período histórico em que as trocas comerciais entre a Ásia, Mediterrâneo e África eram realizadas por caminhos desbravados por mercadores chineses.

Lançado em 2013, o programa chinês prevê o incremento de ferrovias e autoestradas, que vão cruzar a Rússia e a Ásia Central, e o estabelecimento de uma rede de portos no Mediterrâneo e na África.

'Vamos aprofundar relações', dizem EUA sobre Brasil após perda do status de país em desenvolvimento

O governo português tem discutido com o chinês as possibilidades para investimento no porto, mas os Estados Unidos também se apresentam como fortes concorrentes. Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas de Portugal, acompanhou o secretário Dan Brouillette, e manteve a discrição para evitar saia justa com os visitantes.

"Esta é uma visita muito importante para Portugal, estamos a tentar aproveitar da melhor maneira. Neste momento há vários interessados que estão a avaliar, a estudar. Não posso aprofundar muito este tópico, há um processo em curso. Nesta visita com o secretário há várias empresas com quem vou ter a oportunidade de me reunir. Há um trabalho em permanência com empresas de todo o globo obviamente", disse o ministro na coletiva.

Questionado sobre a concorrência com os chineses, Dan Brouillette afirmou não ter discutido o cenário com o governo português.

"Nunca sugerimos que as pessoas parassem de falar com os chineses, não é a nossa missão aqui. Nossa missão é fazer empresas americanas e outras saberem que estamos interessados neste tipo de desenvolvimento de infraestruturas, e acho que vocês podem ver esse interesse pela presença de empresas americanas aqui", respondeu. 

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