Com a notável escalada de tensões entre Ancara e as forças governamentais da Síria neste mês, Washington iniciou uma campanha de charme com o seu aliado da OTAN, com o representante oficial dos EUA para a Síria, James Jeffrey, intensificando as negociações com a liderança turca.
Em declarações ao canal NTV nesta quarta-feira, ele expressou apoio aos interesses "legítimos" da Turquia e sua presença militar na Síria e especialmente na província de Idlib. "Temos objetivos geoestratégicos muito próximos com a Turquia nas duas áreas em que vocês têm forças empenhadas agora, na Líbia e na Síria", salientou Jeffrey.
Durante já há algum tempo, a Turquia e os EUA têm se enfrentado em uma guerra de palavras devido à compra por Ancara de sistemas de defesa antiaérea russos S-400, além do apoio contínuo de Washington às forças curdas sírias das YPG (Unidades de Proteção do Povo Curdo) que são consideradas como terroristas pelos turcos.
Washington busca maneiras de melhorar as relações EUA–Turquia
"O agravamento da crise na zona de Idlib é vista por Washington como uma oportunidade para reforçar suas posições nas direções da região dos Bálcãs e mar Negro e da Ásia Central. Isto significa que a Administração dos EUA considera a crise em Idlib não apenas relativamente à situação na Síria, mas como uma oportunidade de formar um novo balanço de forças geopolítico e estratégico na região", afirma o professor turco.
Porém, julgando pela sua experiência anterior, Ancara está ciente da falta de fiabilidade de Washington, destaca Erol, acrescentando que a liderança turca busca prosseguir uma política mais independente em relação a esta questão e manter o envolvimento com Moscou.
"Ancara quere manter uma política externa equilibrada e multivetorial. Neste sentido, a Turquia espera continuar a manter um diálogo com Moscou, e eu penso que o Kremlin tem conhecimento disso", comentou.
De acordo com Erol, para Turquia e Rússia é importante se manterem no caminho certo, evitando brigas que possam afetar a política externa dos dois países, além dos objetivos na área de segurança e da realização de projetos energéticos conjuntos.
"Fazer tempestade em copo de água seria extremamente inconveniente e teria consequências muito negativas para ambas as partes em muitas áreas", destacou o especialista à Sputnik Turquia.
Depois de uma série de confrontos ocorridos por falta de coordenação bilateral, as tensões evoluíram para uma situação mais grave, com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçando atacar as tropas sírias em qualquer parte do país em caso de haver um novo ataque contra suas tropas, que ocupam diversas posições dentro do território sírio.
A Turquia conta com 12 postos de observação no noroeste da Síria e segue enviando reforços para áreas próximas, enquanto o Exército sírio segue afirmando que responderá às agressões do Exército turco.