O fenômeno, contado de geração em geração, foi agora analisado pelos cientistas modernos, para apurarem se teria sido motivado por um cometa ou por uma aurora.
O estudo foi publicado em 31 de março na revista Sokendai e analisado no portal científico EurekaAlert!, sendo da autoria de pesquisadores da Universidade de Pós-Graduação em Estudos Avançados, do Japão.
Os cientistas começaram comparando o relato histórico das testemunhas oculares com uma compreensão moderna das auroras. Embora estas danças celestes sejam frequentemente verdes, podem aparecer em outras cores, incluindo o vermelho, dependendo do impacto de partículas de vento solar com a alta atmosfera da Terra.
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Os relatos da época compararam o fenômeno com a cauda de um faisão. Os faisões são culturalmente significativos no Japão, sendo durante gerações considerados mensageiros do céu no folclore tradicional japonês.
Aurora ou cometa?
O problema com a hipótese da aurora, segundo o pesquisador Ryuho Kataoka, do Instituto Nacional de Pesquisa Polar do Japão, é que as auroras não se parecem com caudas de faisão, fixas. Ao invés, ondulam pelo céu.
Poderia então ter sido um cometa, como afirmam alguns pesquisadores, mas os cometas não costumam parecer vermelhos, segundo a pesquisa. Além do mais, existe uma baixa probabilidade de um cometa ter passado precisamente na época.
A latitude magnética do Japão era no ano de 620, de 33 graus, comparada com os 25 graus de hoje. A cauda do faisão parecia ter cerca de 10 graus de comprimento, colocando-a bem dentro da área passível de ser afetada por uma forte tempestade magnética.
A equipe rastreou observações mais recentes de auroras que eram visíveis sobre o Japão em forma de leque com um fundo vermelho. Isso corresponde à descrição da "cauda do faisão" do evento do ano 620.
"Descobertas recentes mostraram que as auroras podem sugerir caudas de faisão durante grandes tempestades magnéticas específicas", disse Kataoka, concluindo que "o fenômeno 620 d.C. era provavelmente uma aurora".
Os pesquisadores planejam continuar examinando referências literárias com relevância científica moderna.
"Este é um exemplo interessante e bem-sucedido de como a ciência moderna pode se beneficiar de relatos e lendas antigas", disse Kataoka, que espera "continuar a explorar esta colaboração entre ciência e literatura".