A descoberta poderia servir para fazer avanços na edição genética em humanos e potencialmente curar uma série de doenças.
De uma forma resumida, o RNA (ácido ribonucleico) é uma molécula que utiliza o nosso DNA, nossos genes, para transmitir a sua informação durante a síntese de proteínas de que a célula necessita para as suas atividades e desenvolvimento.
Isto é feito através do chamado RNAm, ou seja, RNA mensageiro, que codifica a informação do DNA, cria "mensagens" de tipo RNA e envia-as para fora do núcleo para "informar" as células sobre as proteínas que devem "fabricar".
Na segunda-feira, cientistas relataram na revista Nucleic Acids Research que as lulas (Doryteuthis pealeii) são os únicos animais conhecidos que podem editar o RNA mensageiro fora do núcleo da célula.
Na sua grande maioria, os genes, ao menos em humanos, permanecem imutáveis até se recombinarem e se transmitirem à geração seguinte. O mesmo acontece com o nosso RNA, mas não no caso das lulas.
O geneticista Joshua Rosenthal do Laboratório Biológico Marinho, nos EUA, garante que as lulas Doryteuthis pealeii são capazes de "modificar o RNA na periferia da célula", escreve o portal Science Alert.
"Isto significa que, teoricamente, elas podem modificar a função da proteína para atender às demandas localizadas na célula. Isto lhes dá muita liberdade para adaptar a informação genética, conforme necessário", explicou cientista.
"A edição de RNA é muito mais segura do que a edição de DNA. Se você cometer um erro, o RNA simplesmente desaparece", concluiu Rosenthal na revista Wired.