Os medicamentos que o presidente norte-americano Donald Trump ofereceu anteriormente ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson não foram submetidos a testes clínicos e não estão disponíveis no mercado, informou The Guardian na terça-feira (7).
O presidente dos EUA disse na segunda-feira (6) que contatou quatro empresas e pediu a duas "para contatar imediatamente Londres" e oferecer seus produtos para ajudar a tratar o premiê britânico.
Trump não referiu os nomes das quatro empresas que contatou, mas sua declaração veio depois que ele se encontrou com representantes das empresas de biotecnologia de ponta Amgen, Genentech, Gilead e Regeneron.
"Falei com quatro delas hoje, e elas falam uma linguagem que a maioria das pessoas não entende, mas eu entendo algo [...] elas têm realmente terapias e terapêuticas avançadas, e eles já chegaram a Londres. Seu escritório em Londres tem tudo o que precisam e vamos ver se podemos ajudar", disse Trump no comunicado citado pelo jornal.
De acordo com uma porta-voz da farmacêutica Gilead, a empresa foi contatada pelo presidente norte-americano, mas observou que seu medicamento terapêutico Remdesivir não foi clinicamente testado.
"Ele ligou para nosso CEO ontem, mas não podemos ir além disso", disse a porta-voz.
Os testes laboratoriais para uso do Remdesivir como tratamento para o vírus SARS tiveram sucesso em 2014, mas os testes clínicos não ocorreram porque o vírus foi contido e parado antes de se tornar uma pandemia global, de acordo com a fonte.
"É fundamental que façamos estes ensaios clínicos [para a COVID-19] e mostremos sua eficácia. Seria irresponsável torná-lo [o medicamento] amplamente disponível", disse a empresa.
Downing Street afirmou que não está interessada na oferta de "medicamentos experimentais" de Trump, de acordo com o diário.
Estado de saúde de Boris Johnson
Anteriormente, foi reportado que o premiê Boris Johnson iria ser ligado a um ventilador em meio ao agravamento de seus sintomas do coronavírus. A afirmação foi negada por autoridades britânicas, que afirmaram que Johnson foi hospitalizado para fazer testes de precaução seguindo o conselho de seu médico.
Mais tarde, o primeiro-ministro foi internado na unidade de terapia intensiva do Hospital St. Thomas, em Londres. Johnson pediu ao chanceler Dominic Raab para desempenhar funções que ele não pode cumprir enquanto estiver no hospital.