O TSE julga se houve participação da chapa - e possível benefício eleitoral - em um ataque digital a uma página virtual criada em 2018 por mulheres contrárias ao então candidato Jair Bolsonaro.
Essa é a segunda vez que a análise das ações é adiada. Em 2019, o relator do caso, ministro Og Fernandes, manifestou-se por sua improcedência. Ele considerou que a invasão da página ocorreu, mas não era possível identificar a participação ou cumplicidade de Bolsonaro. À época, o ministro Edson Fachin pediu vista.
Na retomada de seu voto nesta terça-feira (9), ele pediu a reabertura da fase de provas do processo. Os autores das duas ações, apresentadas pelas coligações Unidos para Transformar o Brasil (Rede/PV), de Marina Silva, e Vamos Sem Medo de Mudar o Brasil (PSOL/PCB), de Guilherme Boulos, tinham solicitado uma perícia, mas Og Fernandes negou, argumentando que a Polícia Civil da Bahia estava investigando o caso.
Hoje, Fachin disse que a polícia baiana não concluiu a apuração e pediu a reabertura da fase de provas do processo, para só depois retomar o julgamento.
'Mulheres com Bolsonaro'
Ao seu lado, ficaram os ministros Tarcísio Vieira e Carlos Velloso Filho. O ministro Luís Felipe Salomão divergiu. Alexandre de Moraes, por sua vez, pediu vista para pensar melhor no assunto e o julgamento foi adiado mais uma vez. Não há data para que o caso volte a ser discutido.
Em setembro de 2018, o grupo virtual "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", que tinha mais de 2,7 milhões de pessoas, sofreu ataque de hackers. O conteúdo da página foi alterado, com mensagens de apoio ao então candidato do PSL ou de teor ofensivo, e seu título modificado para "Mulheres com Bolsonaro #17". Além disso, participantes que criticaram Bolsonaro passaram a ser excluídos.
Após o ataque, Bolsonaro publicou em seu perfil oficial no Twitter a mensagem "Obrigado pela consideração, mulheres de todo o Brasil".
Outras ações no TSE
As duas ações não são as únicas que tramitam no TSE envolvendo a chapa formada por Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão.
Outras quatro apuram supostas irregularidades na contratação do serviço de disparos em massa de mensagens pelo aplicativo WhatsApp durante a campanha eleitoral.
O Tribunal decidirá se o material do inquérito das fake news, investigação solicitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar rede de milícia digital, podem ser anexados aos processos.
Outra ação investiga a instalação de outdoors em apoio a Bolsonaro em pelo menos 33 municípios de 13 estados. Há ainda um caso que apura o uso indevido de meios de comunicação, no qual Bolsonaro foi absolvido, mas resta recurso em julgamento.