Alemanha burla regras da UE para vender armas e alimentar conflitos armados, diz estudo

A Alemanha quebrou sistematicamente as diretrizes da União Europeia (UE) vendendo armas para maus atores em todo o mundo, informou um novo estudo que alega que armas e equipamentos militares fabricados em solo alemão levaram a mais violência ao mundo.
Sputnik

Ao longo dos anos, a Alemanha vende armas e munições para "países afetados por guerras e crises, para países com violações de direitos humanos e para regiões de tensão", destacou um novo trabalho do Instituto de Pesquisa da Paz de Frankfurt (PRIF).

De acordo com os critérios da UE, o destinatário de armas deve respeitar os direitos humanos e o direito internacional, além de manter a paz e a estabilidade na região. No entanto, desde 1990, a Alemanha fez acordos repetidos com países com um histórico ruim de direitos humanos, como Argélia, Egito e Indonésia, muitas vezes vendendo hardware antigo de Bundeswehr, observou o PRIF.

Em muitos casos, o equipamento acabou em zonas de guerra, como aconteceu na Indonésia, onde navios fabricados na Alemanha foram vistos transportando soldados durante uma insurgência na região de Aceh, na Indonésia.

"As exportações de armas da Alemanha ajudam a alimentar o fluxo de armas e aumentar os riscos de escalada dos conflitos existentes, levando a [mais] violência", afirmaram os pesquisadores.

O estudo suscita um alarme especial sobre a longa história de Berlim no fornecimento de tecnologia militar à Arábia Saudita e à Turquia. Em 2019, os principais tanques de batalha Leopard 2A4 fabricados na Alemanha foram usados ​​na invasão da Síria por Ancara, e Riad está travando uma sangrenta guerra aérea no Iêmen desde 2015.

Alemanha burla regras da UE para vender armas e alimentar conflitos armados, diz estudo

Apesar dos crescentes relatos de baixas civis em massa, o governo alemão aprovou uma venda de armas no valor de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 8,9 bilhões) para a Arábia Saudita desde o início de sua campanha de bombardeios, segundo o estudo. O trabalho observou que mesmo os caças Tornado e o Eurofighter Typhoon, fornecidos pelo Reino Unido, que realizam ataques aéreos nas cidades iemenitas "contêm peças produzidas na Alemanha".

Grupos humanitários globais como a Human Rights Watch (HRW) há muito instam a Alemanha a parar de vender armas para a Arábia Saudita, enquanto alguns políticos dos partidos da oposição pressionam o governo a interromper a implementação do acordo com a Turquia. Finalmente, Berlim respondeu ao protesto suspendendo as exportações de armas para Riad e Ancara em 2018 e 2019, respectivamente.

A medida não é suficiente, no entanto, acrescentou o estudo, apontando que "a moratória das exportações de armas tem brechas e é limitada no tempo".

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