Grécia coloca em alerta Forças Armadas por disputa marítima com Turquia

Dois jatos F-16 da Força Aérea da Grécia sobrevoam a ponte Rio-Antirio ao norte do Peloponeso, em 26 de maio de 2010.
A Turquia, por sua parte, defende seu direito de enviar embarcações de pesquisa e qualifica como "exagerada" a reclamação da Grécia pela plataforma continental.
Sputnik

Grécia e Chipre denunciaram a "operação ilegal" das embarcações turcas nas partes do mar Mediterrâneo que consideram suas zonas econômicas exclusivas, e emitiram avisos à navegação correspondentes conhecidos como Navtex.

Na semana anterior, o general Konstantinos Floros, chefe do Estado-Maior General da Defesa Nacional Helênico, descreveu as ações da Turquia na região como desestabilizadoras e declarou em uma entrevista concedida ao canal israelense i24NEWS que as Forças Armadas de seu país estão em alerta "para defender as fronteiras terrestres e marítimas" e garantir a integridade territorial e a independência da Grécia.

O que ocorreu?

A Turquia anunciou que a partir desta terça-feira (21) seu navio de pesquisa sísmica Oruc Reis inicia no Mediterrâneo oriental uma nova prospecção sísmica com o intuito de continuar atividades de exploração de hidrocarbonetos na zona.

Grécia coloca em alerta Forças Armadas por disputa marítima com Turquia
Grécia coloca em alerta Forças Armadas por disputa marítima com Turquia

As autoridades turcas salientaram que o Oruc Reis e dois navios de apoio vão efetuar operações nas águas ao sul das ilhas gregas de Rodas, Cárpatos e Kastelorizo até 2 de agosto.

Por que Grécia e Chipre se opõem?

Atenas interpreta a "pesquisa" turca como uma "escalada de tensão" na região e acusa Ancara de violar a legislação internacional e o direito do mar ao explorar a plataforma continental grega, assim como de manifestar "total desprezo" pelas normas " que regem as relações de boa vizinhança e os apelos da União Europeia".

"Instamos a Turquia a que interrompa imediatamente suas atividades ilegais que violam nossos direitos soberanos e comprometem a paz e segurança na região", declarou o Ministério das Relações Exteriores grego em um comunicado, nesta terça-feira (21), em que informou que levou a questão à União Europeia, à ONU e à OTAN.

Chipre, por sua parte, também afirmou que as ações da Turquia constituem "uma violação do direito internacional e dos procedimentos de segurança marítima", além de ser um delito penal com base na legislação nacional.

Assim como a Grécia, o país exige a interrupção imediata da "operação não autorizada e ilegal" dos navios turcos Oruc Reis, Attaman e Cengiz Han "na zona econômica exclusiva da República do Chipre".

Ainda nesta semana, em 20 de julho, o chanceler grego recordou que há 46 anos, em 20 de julho de 1974, a Turquia invadiu o Chipre e ocupou um terço da ilha.

"Resoluções que, entre outras coisas, instam todos os Estados a respeitar a independência, soberania e integridade territorial da República do Chipre e exigem a retirada das tropas de ocupação de seu território", indicou o ministro grego.

Resposta da Turquia

Em resposta à indignação de Atenas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia, Hami Aksoy, declarou nesta quarta-feira (22) em um comunicado que o descontentamento da Grécia se baseia na presença de "ilhas remotas que estão distantes de seu próprio continente, sobretudo Kastelorizo", e que "esta reivindicação exagerada da plataforma continental" é contrária ao direito internacional.

Aksoy afirmou que a zona marítima em que a embarcação Oruc Reis vai realizar os trabalhos "se situa plenamente dentro da plataforma continental turca" e indicou que nos anos anteriores outra embarcação de pesquisa sísmica turca já teria realizado operações na mesma área.

"O argumento de que uma ilha de dez quilômetros quadrados, situada a somente dois quilômetros da Anatólia e a 580 quilômetros do território continental grego, deveria gerar uma superfície de plataforma continental de 40 mil quilômetros quadrados não é racional nem está em consonância com o direito internacional. Portanto, rechaçamos estas afirmações injustificadas da Grécia", salientou o diplomata da Turquia.

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