"Os Estados Unidos saúdam o retorno de praticamente todas as sanções da ONU anteriormente rescindidas contra a República Islâmica do Irã", disse Mike Pompeo em um comunicado neste sábado (19), explicando que "as sanções estão sendo reimpostas ao Irã de acordo com o processo de snapback, sob a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU (UNSCR)".
O tal processo citado pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos se trata de um mecanismo estabelecido no acordo nuclear iraniano de 2015 que permite a qualquer um dos signatários desencadear a retomada das sanções das Nações Unidas contra Teerã caso as autoridades iranianas não cumprissem sua parte do acordo.
A grande questão é que o governo do presidente Donald Trump abandonou o tal acordo em 2018, quando, segundo autoridades internacionais, o Irã vinha cumprindo as obrigações firmadas. Só após a saída de Washington é que Teerã anunciou que deixaria de seguir algumas das determinações acordadas.
A decisão dos EUA de tentar restabelecer essas sanções está ligada a uma recente recusa do Conselho de Segurança da ONU em aprovar uma resolução apresentada por Washington para prolongar, indefinidamente, o embargo de armas adotado pela organização contra o Irã, que deve expirar no próximo mês.
"Em 20 de agosto, os Estados Unidos notificaram ao presidente do Conselho de Segurança o não cumprimento significativo pelo Irã de seus compromissos sob o JCPOA [Plano de Ação Conjunto Global]. Essa notificação acionou o processo de 30 dias que levou ao restabelecimento das sanções da ONU anteriormente encerradas, que entraram em vigor às 20h, Horário Padrão do Atlântico [21h no horário de Brasília], em 19 de setembro", diz o comunicado de Pompeo.
Mesmo sendo aliados dos EUA, Reino Unido, França e Alemanha se manifestaram contra o prazo de Washington para restabelecer as medidas punitivas. Em carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU, os três países europeus disseram que o alívio das sanções, previsto como parte do acordo de 2015, que limitou as capacidades nucleares do Irã, permanecerá em vigor.
Não hesitaremos em impor nossas sanções e esperamos que todos os Estados-membros da ONU cumpram integralmente com suas obrigações sob essas restrições reimpostas.
"Se os Estados-membros da ONU não cumprirem suas obrigações de implementar essas sanções, os Estados Unidos estão preparados para usar nossas autoridades nacionais para impor consequências por essas falhas e garantir que o Irã não colha os benefícios de atividades proibidas pela ONU", declarou o secretário.