Notícias do Brasil

Secretário de Estado dos EUA visitou Brasil para beneficiar campanha de Trump, afirma analista

A presença do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Boa Vista e suas críticas à Venezuela podem ser entendidas como um esforço de campanha de Donald Trump, avalia especialista em relações internacionais.
Sputnik

Pompeo esteve em Boa Vista na sexta-feira (18) e teve agenda com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e visitou a Operação Acolhida, iniciativa brasileira de recepcionamento de venezuelanos que deixam o país.

Em tour pela América do Sul, Pompeo afirmou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é um "traficante de drogas" e que Washington deseja que a Venezuela "tenha uma democracia". 

Quando a viagem internacional do chefe da diplomacia dos Estados Unidos foi anunciada, contudo, as primeiras informações davam conta apenas de visitas a Suriname e Guiana, países que descobriram consideráveis reservas de petróleo nos últimos anos. O itinerário foi ajustado posteriormente para acomodar a presença no Brasil e também na Colômbia, outro país que faz fronteira com a Venezuela.

Nesta segunda-feira (21), os Estados Unidos anunciaram sanções contra Maduro

Secretário de Estado dos EUA visitou Brasil para beneficiar campanha de Trump, afirma analista

Para o professor de relações internacionais da Faculdade de Campinas (Facamp) Pedro Costa Júnior, Pompeo fez duras críticas a Maduro em busca do "voto crucial" dos latinos da Flórida, que é um dos chamados swing states da eleição — regiões dos Estados Unidos sem preferência partidária definida e que são importantes para a definição do próximo presidente.

"Dessa maneira, essa visita do secretário de Estado é um recado para essa comunidade [latina] que está sempre muito atenta, cujos imigrantes são, em sua esmagadora maioria, cubanos, frutos da Revolução Cubana, desde a Guerra Fria e, mais recentemente, nos últimos anos, venezuelanos", diz Júnior à Sputnik Brasil.

Com 29 delegados no Colégio Eleitoral, a Flórida é um ponto central na corrida presidencial dos Estados Unidos e as últimas pesquisas apontam um cenário apertado

A presença de Pompeo no Brasil rendeu críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que classificou o episódio como uma "afronta" das tradições da diplomacia brasileira. O chanceler brasileiro reagiu e divulgou nota defendendo a decisão do Itamaraty.

Assim como os Estados Unidos, o Brasil reconhece o autodeclarado presidente Juan Guaidó como líder legítimo da Venezuela. Guaidó já foi, inclusive, recebido como chefe de Estado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Brasília.

Secretário de Estado dos EUA visitou Brasil para beneficiar campanha de Trump, afirma analista

O professor da FACAMP acredita que Bolsonaro faz mais do que um "alinhamento automático" com os Estados Unidos e coloca o Brasil em posição de "verdadeira vassalagem" ao governo de Trump. "É uma opção deliberada jamais vista na história das relações exteriores", avalia.

"O Brasil volta a falar fino, parafraseando Francisco Buarque de Hollanda, volta a falar fino com os Estados Unidos e a falar grosso com seus vizinhos", diz Júnior. 
Comentar