Mantendo a tradição, o chefe de Estado brasileiro é o primeiro líder a discursar na Assembleia Geral da ONU. Neste ano, por conta da pandemia da COVID-19, os discursos dos representantes de cada país serão realizados remotamente, via vídeo, e a expectativa é a de que tratem de algumas das principais ameaças internacionais da atualidade, como o surto do novo coronavírus e as mudanças climáticas.
Confirmando informações prévias que circularam na imprensa brasileira, Bolsonaro fez uma fala concentrada principalmente na defesa do seu governo contra críticas feitas à gestão ambiental e à condução da crise da COVID-19 pela sua administração.
Em vídeo gravado há alguns dias, o presidente destacou algumas pautas polêmicas, afirmando que o Brasil tem sido alvo de uma campanha de desinformação envolvendo atores internos e externos.
Para o chefe de Estado, a maneira como sua administração tem lidado com o surto do novo coronavírus também tem sido a mais correta possível, buscando equilibrar o impacto sanitário com o econômico em meio a acusações de opositores e da imprensa, que teriam politizado o debate em torno do vírus.
"A COVID-19 ganhou o centro de todas as atenções ao longo deste ano. E, em primeiro lugar, quero lamentar cada morte ocorrida. Desde o princípio, alertei, em meu país, que tínhamos dois problemas para resolver, o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade", disse.
Segundo Bolsonaro, o país tem sofrido críticas injustas no que diz respeito às queimadas e ao desmatamento em seus biomas, sendo, ao contrário, um exemplo de cuidados com o meio ambiente.
"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação."
Pautado por esses cuidados, o agronegócio brasileiro, de acordo com o presidente, tem sido extremamente importante para a segurança alimentar mundial ao longo desse período de crises.
"O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado", afirmou. "Nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta", acrescentou, dizendo que o país tem sido alvo de informações falsas por despontar como o maior produtor mundial de alimentos.
O presidente elogiou as medidas econômicas que vêm sendo adotadas pela equipe do ministro Paulo Guedes tanto no plano geral como no contexto da pandemia, citando a ajuda a empresários e a pessoas em geral afetadas pelo surto do novo coronavírus e afirmando que, em seu governo, o Brasil está abandonando o protecionismo e realizando reformas liberalizantes da economia.
Ainda na área econômica e comercial, sublinhou, entre outras coisas, que o país defende uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC), está adotando as medidas necessárias para aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e segue comprometido com o acordo firmado entre Mercosul e União Europeia.
No que diz respeito às questões internacionais em si, Bolsonaro reafirmou o compromisso do Brasil com os princípios defendidos pela ONU, citando a atuação humanitária do país no acolhimento a imigrantes, a cooperação com outras nações, respeito a liberdades fundamentais e defesa da paz e da segurança internacional. Ele destacou o repúdio ao terrorismo, promoção da democracia na América Latina e planos de pacificação no Oriente Médio, comentando os recentes acordos envolvendo Israel e elogiando a iniciativa do presidente norte-americano, Donald Trump, para acabar com o conflito entre israelenses e palestinos.
Ao final de seu discurso, após falar em liberdade religiosa, Bolsonaro afirmou que o Brasil é um país cristão e conservador e que espera o apoio da comunidade internacional para combater a "cristofobia".
"Deus abençoe a todos. O meu muito obrigado."