Conforme divulgado pela Polícia Federal (PF) em comunicado, as práticas criminosas foram cometidas "na Divisão de Abastecimento da Petrobras, especificamente na Gerência Executiva de Marketing e Comercialização".
Segundo a PF, as investigações começaram em dezembro de 2018, quando vários membros de uma organização que comercializava combustíveis e derivados entre a petroleira brasileira e empresas estrangeiras foram presos.
Após essa ação policial, executivos vinculados a empresas estrangeiras decidiram colaborar com a Justiça. Com isso, passaram a relatar que trabalhadores da Petrobras receberam propina para auxiliá-los nas negociações sobre a entrega de combustíveis navais e o abastecimento de navios que atendem a Petrobras em portos estrangeiros.
Os investigadores acreditam que trabalhadores e ex-funcionários da Petrobras podem estar envolvidos neste esquema, que envolveria cerca de 45 milhões de reais em subornos entre 2009 e 2018.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há várias provas de que os investigados promoviam um verdadeiro rodízio no fechamento de operações com as empresas do setor e que estas também pagavam vantagens indevidas.
Em nota, a Petrobras disse que colabora com as investigações da Lava Jato desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 21 ações de improbidade administrativa em andamento e ser assistente de acusação em 71 ações penais relacionadas a atos investigados pela Lava Jato.
O esquema
De acordo com o depoimento dos delatores, funcionários da Petrobras que eram responsáveis pelas negociações de compra e venda de bunker e diesel marítimo recebiam vantagens indevidas para favorecer empresas de combustíveis.
A compra era destinada ao abastecimento dos navios a serviço da Petrobras em portos estrangeiros.
As comissões eram geradas a partir da celebração das operações comerciais, e os executivos realizavam os pagamentos dos funcionários públicos com auxílio de um operador financeiro. Para isso, eles celebravam contratos fictícios para geração de recursos em espécie.
Um dos ex-funcionários da estatal, conforme as investigações, foi o responsável pelas negociações de combustíveis marítimos que abasteciam no porto de Singapura.