A fantástica descoberta foi realizada no Cabo Irizar, onde fica uma parte da Antártica não conhecida por visita de colônias de pinguins. Além disso, uma equipe de pesquisadores, liderada por Steven Emslie da Universidade da Carolina do Norte (EUA), encontrou uma mistura de filhotes de pinguins mumificados e restos mortais dos mesmos aparentemente mortos há pouco tempo no local.
Foram também descobertos ossos, penas, materiais fecais e outras evidências entre as rochas – todos sinais da presença de ninhos de pinguins.
A datação por radiocarbono revelou também aparentes restos mais recentes, de centenas de anos, uma vez que três diferentes áreas na região foram usadas por pinguins entre cinco mil e 800 anos atrás.
"Os restos mortais frescos na superfície se pareciam com uma colônia moderna. Porém, não foram registrados em momentos históricos pinguins se reproduzindo lá", afirmou o pesquisador Emslie ao apresentar os resultados da expedição de setembro no jornal Geology.
Pinguins-de-adélia são a espécie mais presente ao sul do planeta, encontrados em grandes números ao longo da costa da Antártica. Contudo, sem que houvesse registros de sua presença nessa parte do continente congelado, pesquisadores se surpreenderam com a quantidade encontrada.
O pesquisador, com extensa experiência em Paleoecologia (estudo sobre como organismos interagem com o meio ambiente), diz nunca ter visto algo assim. "Nos três anos em que fiz este trabalho na Antártica, nunca vi um local como este", afirmou.
De acordo com os pesquisadores, a colônia de pinguins permaneceu escondida sob uma camada de gelo e neve desde a Pequena Era do Gelo, aproximadamente 800 anos atrás.
Devido ao aquecimento global, esta camada lentamente começou a desaparecer, revelando o "cemitério" de pinguins durante o verão.
"Falamos sobre 'ganhadores e perdedores' da mudança climática. Pinguins-de-adélia estão na posição única de serem ambos. Enquanto observamos seu declínio na península antártica, eles estão se difundindo ou permanecendo estáveis no leste da Antártica e mar de Ross", salientou Emslie.
Ainda que estas peculiares aves tenham migrado dentro da Antártica por milênios, o pesquisador afirma que seus habitats estão mudando rapidamente.