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Discurso de 'pólvora' de Bolsonaro 'apequena' Forças Armadas, analisa cientista político

O presidente Jair Bolsonaro fez uma menção indireta ao possível presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, sem citá-lo nominalmente, e disse nesta terça-feira (10) que "diplomacia não é suficiente" e que, às vezes, "é necessário ter pólvora".
Sputnik

"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia levanta barreiras comerciais contra o Brasil. Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá. Porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona", disse o presidente brasileiro.

Paulo Silvino Ribeiro, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), classificou a declaração de Bolsonaro como "equivocada" e "atabalhoada".

"Acima de tudo é um equívoco que coloca em risco não só a nossa relação diplomática com os Estados Unidos, mas também aquilo que diz respeito à própria imagem que o mundo tem sobre o Brasil", afirmou à Sputnik Brasil.

Segundo Paulo Silvino Ribeiro, a declaração de Bolsonaro deixa o Brasil isolado internacionalmente.

"Primeiro que nós não temos nem condições tecnológicas ou em termos de poder em armas para enfrentar os EUA. Segundo que isso é uma grande bravata, é muito triste, é muito complicado a gente perceber que o Brasil se apequena nas relações internacionais cada vez mais", disse.

Na avaliação do cientista político, Bolsonaro errou na maneira de comentar as falas de Joe Biden de que pretende impôr sanções ao Brasil.

"Se é um recado, é um recado mal dado. A diplomacia tem que ser sempre a primeira e a única forma de se tratar qualquer assunto, seja um assunto de interesse bilateral ou de interesse internacional", analisou.

Outro ponto destacado por Paulo Silvino Ribeiro é que a declaração de Bolsonaro "constrange" os militares brasileiros.

"Em que pese a nossa história muito triste de 21 anos de ditadura, o Exército Brasileiro merece respeito", afirmou.

Segundo o cientista político, declarações como essa de Bolsonaro acabam prejudicando a imagem das Forças Armadas brasileiras.

"É uma instituição que lamentavelmente está sendo apequenada porque ela é 'ridicularizada' ou colocada em uma situação de saia-justa pelo nosso presidente que não entende que não há uma guerra", disse.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira (11) que Jair Bolsonaro se utilizou de uma "figura de retórica" e que o presidente recorreu a um "aforismo antigo que tem aí que diz que, quando acaba a diplomacia, entram os canhões".

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