O astro pop, cujo nome verdadeiro é Robert Kyagulanyi, foi preso na última quarta-feira (18), enquanto fazia campanha no leste de Uganda, por supostamente realizar comícios eleitorais com a presença de muitas pessoas, violando as restrições impostas pelo governo para conter a disseminação da COVID-19.
As eleições presidenciais e parlamentares em Uganda estão marcadas para 14 de janeiro, e Bob Wine emerge como uma séria ameaça para o líder Yoweri Musaveni, de 76 anos, que pretende seguir governando após 34 anos no poder.
A nação situada na África Oriental é rica em petróleo e seu líder é considerado um forte aliado dos países ocidentais. Musaveni, no entanto, enfrenta acusações dentro de seu país de corrupção e nepotismo, o que ele nega.
A violência aumentou quando as autoridades enviaram militares para a capital Kampala e regiões vizinhas para ajudar as forças policiais a dispersar os manifestantes, que são acusados de atos de vadalismo e pilhagem.
Segundo informações da agência Reuters, a polícia afirma que usou meios de dispersão como gás lacrimogêneo e canhões com jatos d'água durante os protestos, e acrescentou que prendeu quase 600 pessoas.
Além disso, o patologista da polícia Moses Byaruhanga disse hoje (20) à agência de notícias que o número de mortos durante as manifestações subiu para 37.
De acordo com a Reuters, ainda não está claro quem foi o responsável pelo derramamento de sangue. Durante os protestos, uma testemunha disse à agência que viu homens em roupas civis portando fuzis de assalto. Além disso, o perfil oficial de Bob Wine publicou imagens no Twitter que supostamente mostrariam esses indivíduos armados.
Cenas como estas são difíceis de se ver! A ditadura está em pânico. Não podemos ter homens em roupas civis atirando nas pessoas em plena luz do dia!
Anteriormente, vários partidos da oposição acusaram o governo de usar pessoal não uniformizado para conter os distúrbios, mas essas alegações foram negadas pelas autoridades.
O porta-voz da polícia, Fred Enanga, culpou os manifestantes, ao afirmar que os apoiadores de Bob Wine tinham como alvo as pessoas que não apoiam seu partido, Plataforma de Unidade Nacional (NUP, na sigla em inglês).
"O que vimos nos últimos dias, ou seja, violência, vandalismo, pilhagem, intimidação e ameaças, são crimes que estavam sendo cometidos [contra] pessoas que não são pró-NUP”, disse o porta-voz. "Isso não é algo que possamos tolerar", acrescentou.
Por sua vez, o porta-voz da NUP, Joel Senyonyi, disse à Reuters que o partido condenou os atos de vandalismo e saques, e pediu a seus apoiadores que protestassem pacificamente.
Bob Wine é bastante popular entre os jovens de Uganda, com suas músicas nas quais denuncia a corrupção do governo.