A condenação se dá pelo fato de o brasileiro ter entrado no país com caixas de um medicamento à base de cloridrato de metadona, substância proibida pela legislação russa.
Robson está preso na Rússia desde março de 2019, apesar de alegar desconhecimento sobre o remédio que carregava em uma mala fornecida pela família de Fernando durante o embarque no Rio de Janeiro. O produto pertencia a William Pereira de Faria, sogro do atleta, que não chegou a prestar depoimento às autoridades russas sobre o assunto. Seu advogado, segundo o Globo Esporte, afirma que o depoimento de William não foi pedido enquanto ele estava na Rússia e que a Justiça russa não aceita interrogatório à distância.
Desde a prisão de Robson, o caso tem despertado grande interesse no Brasil, mobilizando diversas personalidades e autoridades, inclusive no mais alto escalão da República.
No julgamento desta quarta-feira (9), havia uma grande expectativa porque, somadas as penas máximas dos crimes pelos quais o brasileiro foi acusado, ele poderia pegar uma pena de até 25 anos. A promotoria, por sua vez, pediu 12 anos de reclusão, e prometeu recorrer da decisão final.
A pena mínima de três anos pegou de surpresa a defesa de Robson, que comemorou a sentença. Como já está preso há um ano e nove meses, ele só precisaria cumprir mais 15 meses. Um recurso, no entanto, deve ser apresentado nos próximos dias, para que um novo julgamento seja realizado, em segunda instância.
"O Ministério Público [russo] ficou bastante insatisfeito com essa sentença de três anos que a juíza deu para o Robson. E, provavelmente, eles vão entrar com um recurso de apelação. A partir da sentença, eles têm dez dias para ingressar com esse recurso de apelação", afirmou em declarações à Sputnik Brasil o advogado Olímpio da Silva Soares, que representa Robson Oliveira no Brasil.
De acordo com Soares, a defesa do brasileiro também planeja entrar com um recurso pedindo que o réu seja transferido para que cumpra o resto da pena em sua terra natal, o que, na prática, poderia significar a libertação do motorista.
"Como aqui não é crime [posse de cloridrato de metadona], nós vamos entrar com um habeas corpus, um pedido de liberdade, enfim, vamos colocá-lo em liberdade aqui no Brasil. Nossa estratégia é essa."
Em outra frente, segundo o advogado, ainda há esperança de que o brasileiro obtenha um perdão do governo russo. Mas, para isso, é preciso que a situação esteja definida, já com a divulgação da sentença referente ao provável recurso que deve ser apresentado pela acusação.
"Após o recurso de apelação, nós vamos apelar também, junto com esse recurso do Ministério Público, tentar diminuir ainda mais essa pena dele, para que ele venha o mais rápido de volta para o Brasil. Mesmo que a sentença dele seja aumentada pela juíza, através do recurso de apelação do Ministério Público, isso não é empecilho para ele ser transferido para o Brasil ou para obter o perdão do governo russo."
Em nome da família do jogador Fernando, sua sogra, Sibele Rivoredo, também se manifestou sobre a decisão da Justiça russa, expressando esperança de que a sentença possa ajudar nos esforços empreendidos em prol de um retorno de Robson Oliveira ao Brasil.
"Ficamos com a esperança de que, com a sentença, a liberdade de Robson seja conseguida o quanto antes por meio da relação diplomática entre os governos do Brasil e da Rússia. Desde o começo, estamos fazendo todo o possível para que ele seja liberto e possa voltar ao Brasil e torcemos para que o resultado do julgamento possa acelerar isso", disse ela por meio de nota enviada por sua assessoria à Sputnik Brasil.