Protestos eclodiram em diversas cidades do país, como Gafsa, Sfax e a capital Tunes, para exigir a libertação de centenas de jovens detidos em várias noites de agitação no país, que convive com constantes protestos desde o dia 14 de janeiro.
"Nem polícia nem islâmicos, o povo quer revolução", gritavam manifestantes em Tunes, onde uma pessoa foi ferida após breves confrontos com a polícia, de acordo com a AFP.
#Tunísia - Os protestos na Tunísia contra o governo sobre a deterioração da situação econômica continuam, com confrontos com as forças de segurança na capital hoje.
Protestos em frente ao banco central no centro de Tunes agora, com gritos de 2011 #Tunísia.
#Tunísia - Milhares de tunisianos foram às ruas no quarto dia das manifestações contra a polícia. Muitas pequenas cidades participaram, incluindo Ettadhamen, onde os jovens confrontaram a polícia com fogos de artifício.
Muitos protestos ocorreram em bairros dominados pela classe trabalhadora, onde prevalece a revolta diante do aumento do desemprego. O país passa por uma forte crise econômica, agravada pelas restrições adotadas para conter a pandemia de COVID-19. A conjuntura tem levado um número crescente de tunisianos a tentar deixar o país.
"A situação é catastrófica. Os políticos são corruptos, queremos mudar o governo e o sistema", disse Omar Jawadi, que tem 33 anos e é gerente de vendas de um hotel, que há meses recebe apenas metade de seu salário, conforme apurado pela agência AFP.
A polícia disse que mais de 700 pessoas foram presas nos protestos desta semana, em que manifestantes atiraram pedras e bombas contra as forças de segurança, que por sua vez responderam com gás lacrimogêneo e canhões d'água.
Já grupos de direitos humanos disseram que pelo menos 1.000 pessoas foram detidas.
"Os jovens vivem dia após dia, não temos mais esperança, nem para trabalhar nem para estudar - e nos chamam de desordeiros! Devemos ouvir os jovens, não enviar policiais aos milhares. Todo o sistema é corrupto, algumas famílias e seus apoiadores controlam a riqueza da Tunísia", disse à AFP Amine, trabalhador de call center, que é formado em engenharia aeroespacial.
Na semana passada, a Tunísia completou uma década fora do comando do ex-presidente Zine El Abidine Bem Ali, que deixou o país diante de protestos em massa após 23 anos no poder.
Atualmente, a liderança política da Tunísia está dividida, com o primeiro-ministro Hichem Mechichi esperando que o parlamento confirme uma grande reforma do gabinete, anunciada no sábado passado (16).