A Universidade King's College de Londres escavou um cemitério com artefatos da Alta Idade Média debaixo da Universidade de Cambridge, Reino Unido, escreve o jornal The Guardian.
A descoberta foi possível devido à demolição de um conjunto de prédios dos anos 1930, de forma a construir salas mais modernas.
Foram encontrados cerca de 200 itens em mais de 60 sepulturas, "incluindo broches de bronze, colares de contas, espadas, lâminas curtas, cerâmica e recipientes de vidro", datados do período entre 400 d.C. e 650 d.C., relata a mídia, embora também tivessem sido encontradas estruturas e objetos do período romano e da Idade do Ferro.
De acordo com a História Eclesiástica do Povo Inglês, escrita provavelmente no ano 731 d. C., Cambridge, junto com outras cidades, foi abandonada após a saída dos soldados romanos no séc. V, embora já se conhecesse que o local não tinha ficado completamente deserto.
Sepulturas encontradas sob prédios demolidos da Universidade de Cambridge fornecem uma visão valiosa da vida em um assentamento pós-romano.
Os restos humanos encontrados "em bom estado de conservação" devido ao solo alcalino, permitirão aos arqueólogos aplicar técnicas científicas modernas para descobrir as relações familiares e de migração através do conhecimento de suas dietas e do DNA, disse a dra. Caroline Goodson, professora de História da Alta Idade Média no King's College de Londres.
Segundo ela, as pessoas que viviam na região de Cambridgeshire poderiam ser uma mistura de descendentes de anteriores populações romanas e de migrantes recentes vindos da Europa.
"Eles não estão mais vivendo como os romanos, eles estão comendo de maneira diferente, se vestindo de maneira diferente e encontrando maneiras diferentes de explorar a terra. Eles estão mudando a maneira como estão vivendo durante um período de considerável mudança", comenta.
Como exemplo, referiu um corpo sepultado ao lado de um recipiente de vidro em forma de pequeno barril para armazenar vinho, vindo do final do período romano, não se sabendo ainda se o costume foi continuado no período pós-romano.
Trata-se de "um dos achados mais excitantes da arqueologia anglo-saxônica desde o século XIX", cita o The Guardian.
O Império Romano Ocidental, formado após o Império Romano se separar definitivamente em duas partes (a ocidental e oriental) em 395, e que incluía Roma, deixou de integrar as Ilhas Britânicas em 410, e implodiu ao longo do séc. V. O Império Romano Oriental, por sua vez, se transformou no Império Bizantino, que sobreviveu até 1453.