Por que EUA estão instalando helicópteros de ataque em base militar na Grécia?

Um especialista turco comentou o envio de helicópteros Black Hawk para perto da fronteira com a Turquia e outros passos, dizendo que com isso Washington está fortalecendo a Grécia à custa da Turquia.
Sputnik

Após um exercício militar conjunto entre os Estados Unidos e a Grécia, Atenas permitiu que Washington enviasse 30 helicópteros de ataque Black Hawk para o Aeroporto Internacional de Alexandroupolis.

Os helicópteros serão baseados no aeroporto de fevereiro a agosto de 2021 e seus reabastecimentos e inspeções técnicas também serão realizados lá, mencionou Stelios Zantanidis, diretor do aeroporto.

Segundo um especialista turco que falou à Sputnik, isto poderia significar que a Grécia entrou na corrida armamentista.

"A instalação de 30 helicópteros de ataque em Alexandroupolis pelos EUA não é apenas um importante movimento tático, mas também terá implicações estratégicas. A Turquia deve refletir sobre isso e tomar as medidas necessárias", recomendou Naim Baburoglu, general de brigada aposentado das Forças Armadas da Turquia e professor na Universidade de Aydin em Istambul, Turquia.

O ex-militar sublinhou que Alexandroupolis, que fica perto da fronteira com a Turquia, é uma zona desmilitarizada segundo o Tratado de Lausanne, um acordo de paz que estabeleceu as fronteiras da Turquia moderna em 25 de julho de 1923.

"Em Alexandroupolis não deve haver militares estacionados. De acordo com o Tratado de Lausanne, a área situada a 30 quilômetros da fronteira é uma zona desmilitarizada. É óbvio que esta situação é um sério indicador do desacordo entre a Turquia e os EUA", lamentou o especialista.

O especialista lembrou que no local já haviam sido colocados tanques, enquanto agora estão sendo implantados helicópteros, versões armadas dos helicópteros Sikorsky Black Hawk, o que indica que os norte-americanos usarão este território como base militar permanente.

Ao mesmo tempo, Washington assinou um acordo sobre o estabelecimento de um centro de segurança no Chipre do Sul, que tem como objetivo proporcionar treinamento nos campos da segurança marítima, fronteiriça, alfandegária e cibernética, e está levantando gradualmente o embargo de armas à administração grega do Chipre do Sul, imposto em 1974.

"Assim, os Estados Unidos estão armando a administração grega do Chipre do Sul", salientou Baburoglu.

"O levantamento faseado do embargo ao fornecimento de armas significa que Washington está gradualmente preparando os cipriotas gregos para a adesão à OTAN. É óbvio que isto corresponde aos interesses da Grécia e da UE em geral, mas para a Turquia representa uma séria ameaça", acrescentou ele.

O professor na Universidade de Aydin lembrou que a Grécia tinha quintuplicado seu orçamento de defesa e comprado 18 caças polivalentes Rafale da França.

"É uma espécie de mensagem sobre a cooperação estratégica entre a França e a Grécia virada contra a Turquia."

"É óbvio que a Grécia entrou em uma corrida armamentista", concluiu ele.

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