Biden 'planeja' ligar a rei saudita dia antes da emissão de relatório sobre assassinato de Khashoggi

O presidente Joe Biden planeja telefonar para o rei Salman da Arábia Saudita nesta quarta-feira (24), ou seja, um dia antes da divulgação do relatório que poderia envolver o filho do rei pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Sputnik

O relatório deve implicar o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, afirmou uma fonte conhecedora da ligação telefônica ao portal Axios.

Em janeiro de 2021, a administração Biden anunciou planos de desclassificar o documento preparado pelo Escritório do Diretor da Inteligência Nacional (ODNI, na sigla em inglês) sobre o assassinato de Khashoggi. O relatório foi encomendado pelo Congresso em 2019, mas o então presidente Donald Trump bloqueou sua divulgação.

Em vez disso, o ODNI enviou aos congressistas cópias de uma avaliação secreta pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês). Esta avaliação concluiu "com alto grau de confidencialidade" que o príncipe saudita estava envolvido na conspiração para assassinar o jornalista.

Jornalista progressista saudita que fugiu da Arábia Saudita em 2017, Khashoggi foi assassinado e desmembrado dentro do Consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia, em outubro de 2018 depois de ter sido convocado para obter documentos para seu próximo casamento.

Biden 'planeja' ligar a rei saudita dia antes da emissão de relatório sobre assassinato de Khashoggi

Primeiramente, as autoridades sauditas negaram qualquer envolvimento, mas pouco depois reportaram que o jornalista foi assassinado em um motim organizado por insurgentes do serviço de segurança. O reino saudita condenou cinco funcionários e sentenciou mais três a um total de 24 anos de prisão no fim de 2019 pela morte de Khashoggi.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita negou estar envolvido na conspiração, mas assumiu responsabilidade parcial visto que o assassinato "aconteceu sob sua supervisão". O Senado dos EUA aprovou unanimemente uma resolução que responsabiliza o príncipe pelo crime.

'Recalibragem' das relações

A administração Biden interrompeu a venda de munições guiadas para o reino no início de fevereiro a fim de dar um basta ao suporte norte-americano nas operações de ataque ao Iêmen.

Em 1º de fevereiro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a Arábia Saudita "tem sido um parceiro importante" para os EUA no antiterrorismo e "na tentativa de promover a estabilidade regional e combater a agressão na região", mas também indicou que a revisão estava em andamento para "garantir" que a parceria seja realizada em conformidade com interesses e valores dos EUA.

Durante a campanha eleitoral, Joe Biden atacou inúmeras vezes o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e assumiu que a Arábia Saudita deve se tornar "pária" por causa das alegadas violações dos direitos humanos.

A ligação telefônica da quarta-feira (24) será a primeira entre Biden e o rei saudita. Por sua vez, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, falou com o príncipe herdeiro Salman na qualidade de ministro da defesa da Arábia Saudita.

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