Crítico da Amazônia, projeto de Macron sobre o clima é alvo de reclamações na França

Projeto de lei apresentado pelo primeiro-ministro da França, Jean Castex, aliado de Emmanuel Macron, foi duramente criticado nas últimas semanas por parlamentares e ativistas ambientais.
Sputnik

Em meados de fevereiro, o presidente da França lançou uma iniciativa para preservar o clima e reposicionar a França no debate internacional sobre desmatamento e emissão de CO2.

Macron lançou a Convenção dos Cidadãos para o Clima. Nesse exercício, 150 cidadãos sorteados de todas as regiões da França trabalharam para propor medidas concretas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito estufa em pelo menos 40% até 2030.

No final destes trabalhos, 149 propostas foram aprovadas e apresentadas ao governo da França. O presidente comprometeu-se a implementar 146 destas propostas.

Porém, de acordo com o Le Monde nesta terça-feira (3), as florestas, em grande parte ausentes do texto final do projeto de lei, precisam ser reintroduzidas no documento, pois esta é a vontade de cidadãos, associações e parlamentares.

A publicação apresenta uma série de entidades que estão pressionando o presidente francês neste momento, assim como diversos depoimentos que revelam que, após passar pelo filtro dos ministérios de Macron, o texto da Lei do Clima foi bastante modificado. 

"A ambição do texto poderia ser maior", afirma a climatologista Corinne Le Quéré, presidente do Conselho Superior do Clima na França. "Existem, sim, elementos positivos, mas também muitas oportunidades perdidas", sentenciou. Vale lembrar que a proposta já havia sido chamada de insuficiente pelo Conselho Econômico, Social e Ambiental do governo francês.

"É um absurdo não haver componente florestal no projeto de lei", garante a deputada Mathilde Panot.

Muito boa mobilização esta manhã com silvicultores da ONF e cidadãos de Morvan para exigir mudanças na Lei do Clima. É urgente acabar com a industrialização das florestas e os maus-tratos a quem nela trabalha!

A deputada Anne-Laure Cattelot também falou sobre o assunto em suas redes sociais.

Caro governo da França. O projeto de lei Clima e Resiliência até o momento não contém as palavras florestas, árvores e madeira. O segundo sumidouro de CO2 do mundo não merece isso? A madeira não é útil para a neutralidade de carbono? Devemos remover a árvore do logotipo da lei?

Grandes varejistas também protestam contra duas disposições da Lei do Clima, que visa fortalecer a fiscalização da propaganda em vitrines e a restrição à distribuição de propaganda impressa.

Para o Conselho Superior para o Clima, as medidas são insuficientes principalmente sobre os transportes, setor que mais emite CO2. Esses cientistas apelam aos parlamentares para mudar a situação e melhorar o texto. "É preciso que os deputados reforcem ou complementem essas medidas", afirma o presidente do Conselho Superior para o Clima.

O coletivo France Nature Environnement, que reúne diversas lideranças políticas na França, publicou uma carta de recomendação aos parlamentares franceses que analisarão o texto no fim de março. A entidade propõe medidas para que a Lei do Clima seja mais rígida com relação as suas próprias metas de combate ao aumento de CO2.

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