Para onde sumiu a água em Marte? Cientistas sugerem nova teoria

De acordo com novo estudo, a maior parte da água que antes cobria a superfície marciana não evaporou no espaço, como se acreditava, mas se encontra em minerais que compõem as rochas do Planeta Vermelho.
Sputnik

Os resultados do estudo foram publicados na revista Science. Todos os dados geológicos indicam que Marte antigo conteve grandes volumes de água líquida. Até hoje, na superfície de Marte existem leitos secos de rios e fundos de lagos e oceanos antigos. Acredita-se tradicionalmente que a maior parte da água teria deixado Marte devido à fraca gravidade durante o primeiro bilhão de anos da existência do planeta.

No entanto, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia e do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL, na sigla em inglês) lançaram dúvidas sobre essa hipótese. Eles calcularam que cerca de quatro bilhões de anos atrás em Marte havia água suficiente para cobrir todo o planeta com um oceano de profundidade de 100 até 1.500 metros. Este volume corresponde à metade do oceano Atlântico da Terra.

"A emissão atmosférica não pode explicar completamente os dados que temos sobre a quantidade de água existente outrora em Marte", diz a diretora da pesquisa, Eva Scheller.

Quando a água interage com rochas ocorre sua erosão, ou hidratação, isto é, elas acumulam água. Este processo pode ocorrer tanto na Terra, como em Marte. Mas, como a Terra é tectonicamente ativa, a crosta mais antiga se dissolve constantemente no manto terrestre e devolve a água à atmosfera graças ao vulcanismo. Marte em geral não é tectonicamente ativo, por isso, a "secagem" de sua superfície aconteceu de maneira irreversível.

"A emissão a partir da atmosfera também desempenhou certamente algum papel na perda de água, mas os resultados da última década de missões a Marte apontam ao fato de que existe um enorme reservatório de antigos minerais hidratados, cuja formação diminuiu certamente a disponibilidade de água com o tempo", adicionou outra autora da pesquisa, Bethany Ehlmann.

Os pesquisadores planejam continuar o estudo dos processos em resultado dos quais a água na superfície marciana se conservou em rochas, analisando também os novos dados do rover Perseverance.

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