Pegadas humanas de mais de 4 mil anos são estudadas 50 anos depois de descobertas na Espanha (FOTOS)

Em 1969, cinco espeleólogos do Grupo Edelweiss descobriram a Gruta Palomera, na Espanha. Meio século mais tarde, começa-se a saber mais sobre quem viveria dentro da mesma há mais de quatro milênios.
Sputnik

No final da década de 1960, os espeleólogos descobriram pegadas de pés humanos descalços, algo que impressionou bastante o grupo, pois deveriam ter sido os primeiros a descobrir o local, e de imediato informaram aos responsáveis pelos serviços culturais da região. Graças à sua descoberta e atitude responsável ante o achado em causa, esta formação geológica acabaria por ficar conhecida como a Galeria das Pegadas.

No total, mais de 1.200 pegadas foram contabilizadas dentro da caverna, cuja conservação foi possível graças ao isolamento do espaço, sem luz nem vento, onde a umidade é constante. Ana Isabel Ortega, arqueóloga do Centro Nacional de Investigação sobre a Evolução Humana (CENIEH, na sigla em espanhol) e da Fundação Atapuerca, destacou que "as cavernas são lugares com condições muito estáveis, favorecendo a preservação dos traços arqueológicos".

Por outro lado, o difícil acesso ao local também contribuiu para que outros humanos não tivessem chegado à gruta e comprometido as pegadas. "Tratando-se de impressões em argila fresca, qualquer movimento as poderiam destruir", explicou Ortega à Sputnik.

De quem seriam as pegadas?

Em 2012, a equipe de investigação do CENIEH introduziu um escâner no interior da estrutura, de modo a identificar as pegadas sem que nada lhes tocasse. A realização de moldes também teria sido considerada, mas isso acabaria por ser uma técnica mais destrutiva.

Após primeira análise, os pesquisadores examinaram a morfologia e a disposição das pegadas, com o âmbito de perceberem a quem pertenciam e quando teriam sido feitas. No total, foram reconstruídos até 18 trajetos individuais, especulando-se que pertenciam a um grupo composto por dez ou 11 indivíduos. Segundo as várias disposições das pegadas, a equipe supõe que o grupo teria explorado o interior da gruta e voltado para trás, junto a outros rastros, mostrando a possível exploração de determinadas partes da galeria enquanto outros estariam à sua espera.
Pegadas humanas de mais de 4 mil anos são estudadas 50 anos depois de descobertas na Espanha (FOTOS)

Através do estudo de mais de 39 pegadas, os especialistas também puderam estimar a morfologia dos seres humanos que teriam atravessado a gruta. O tamanho de seus pés, impressos nas pegadas, indica que o grupo seria formado por adultos, medindo entre 1,73 a 1,80 centímetros de altura, uns com peso entre 91 e 99 quilos e outros entre 72 a 92 quilos. Deste modo, acredita-se que os indivíduos, em sua maioria, fossem homens, sendo que os donos de pegadas menores seriam, provavelmente, mulheres, mas não por isso menos robustas.

Em relação à idade das pegadas, isso é algo impossível de determinar. Contudo, utilizando datação por carbono nos restos de uma tocha na Galeria das Pegadas, os pesquisadores confirmaram que estes teriam uma idade compreendida entre 4.200 e 4.600 anos, correspondente à idade de outros registros nessa parte da gruta.

Pegadas humanas de mais de 4 mil anos são estudadas 50 anos depois de descobertas na Espanha (FOTOS)
No momento, o estudo destas pegadas continua, e Ortega pretende analisar a maioria das pegadas milenares com mais ferramentas. Na verdade, ela comenta que "gostaria de ter um drone que não caísse" para ajudar em sua pesquisa. A arqueóloga voltou a exaltar sua enorme apreciação e respeito pelos arqueólogos de cinco décadas atrás. "É importante que os pesquisadores anteriores não tenham tocado em nada. Sempre deve-se deixar uma parte [da descoberta] para que os profissionais do futuro possam trabalhar nos restos com técnicas mais modernas. É uma lei da arqueologia", afirmou Ortega à Sputnik.

Os resultados dos estudos da Gruta Palomera, até agora, podem ser encontrados em uma monografia sobre os principais rastros de pegadas humanas pré-históricas do planeta, publicada pela Springer Nature, no capítulo 17, cobrindo uma viagem que partiu da França e da Inglaterra para a África ou Austrália.

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