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Pressão do Brasil na OMC contra França mostra que país 'não vai ficar só na defensiva', diz analista

Os questionamentos do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a França mostraram que o país não vai ficar só na defensiva em temas ambientais e que partirá para a ofensiva em assuntos relacionados ao comércio agrícola, de acordo especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
Sputnik

O Brasil começou a questionar a União Europeia na OMC sobre a maneira como a França está ampliando a produção de soja. As questões são se o crescimento acontece de maneira ambientalmente sustentável e se os subsídios usados no programa são legais.

Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior do Ministério da Economia, lembrou que o Brasil foi questionado pela França sobre os problemas ambientais brasileiros.

"O Brasil reagiu porque a França tem esse projeto de tentar ter autonomia na produção de soja, o que é tecnicamente impossível considerando as condições climáticas francesas, e o Brasil em vários momentos da OMC sempre foi um país que lutou pela liberalização do comércio agrícola. O Brasil continua mantendo essa tradição e dá um recado de que também não vai ficar só na defensiva no que se refere à temas de sustentabilidade", afirmou.

O plano da França visa aumentar 40% da área total cultivada com proteínas vegetais no país até o fim de 2022, com custo inicial de 100 milhões de euros (R$ 672,4 milhões).

​Welber Barral destacou que a disputa política entre o Brasil e a França faz com que o acordo entre Mercosul e União Europeia esteja distante de ser homologado.

"A ratificação do acordo vai acontecer em algum momento, muito provavelmente não acontecerá durante o governo Bolsonaro. Há uma visão muito negativa dos temas relacionados com a questão ambiental no Brasil. Muito provável que isso não aconteça durante um primeiro momento", analisou.

Em janeiro deste ano, o presidente da França, Emmanuel Macron, publicou um vídeo nas redes sociais alertando que "continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia".

​Segundo Barral, o acordo Mercosul-UE está passando por uma revisão jurídica e alguns países europeus estão discutindo a inclusão de uma cláusula ambiental no documento.

"O Brasil se convenceu que o acordo vai demorar para ser assinado e agora está tentando reagir um pouco e partir para a ofensiva nesses temas relacionados ao comércio agrícola", disse.

Welber Barral analisa que o Brasil atua em três frentes para defender o agronegócio brasileiro internacionalmente.

"Primeiro mostrar que o Brasil tem uma produção muito sustentável. Uma segunda frente é continuar lutando pela liberalização e contra novas barreiras do comércio internacional de alimentos. E em terceiro lugar o Brasil tem participado ativamente das negociações da OMC tentando expulsar esses acordos que já foram assinados relativos à diminuição de subsídios da produção agrícola mundial", completou.
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