Com a saída de Ernesto Araújo do Ministério de Relações Exteriores em razão do desgaste provocado pela pasta na política externa do Brasil, a chegada de Carlos Alberto Franco França foi cercada de expectativas.
É, afinal, com este novo chanceler que o Brasil espera recuperar o prestígio perdido junto aos seus parceiros globais. Em seu discurso de posse, Carlos Alberto Franco prometeu mudanças com relação ao ministro Ernesto Araújo.
Ele enfatizou o diálogo multilateral, elogiou o Mercosul e defendeu como prioridade o combate à pandemia da COVID-19. Ele ainda citou o que lhe foi pedido pelo presidente Jair Bolsonaro: a urgência no campo da saúde, a urgência da economia, e a urgência do desenvolvimento sustentável.
"A primeira urgência é o combate à pandemia da COVID-19. Sabemos todos que essa é tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo. E que, no governo, compete também ao Itamaraty, em conjunto com o Ministério da Saúde", explicou.
Em seguida, ele prometeu que as "missões diplomáticas e consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados em uma verdadeira diplomacia da saúde". Ele afirmou que buscará contatos com governos e laboratórios para mapear as vacinas disponíveis.
O novo ministro também prometeu maior articulação com o Congresso brasileiro. "Meu compromisso é com a intensificação e a maior articulação das ações em curso. Maior articulação no âmbito do Itamaraty; maior articulação com outros órgãos públicos, com o Congresso Nacional", defendeu.
Mercosul: 'O lugar do diálogo'
Carlos Alberto Franco disse que "o lugar onde o diálogo se impõe é a nossa vizinhança". Ele defendeu os acordos nucleares do Brasil com a Argentina, e disse que são símbolos do predomínio da cooperação sobre a rivalidade.
Em seguida, ele defendeu o Mercosul. "Representa uma etapa construtiva da integração com nossos vizinhos. E é preciso ir além, abrindo novas oportunidades", afirmou.
A questão da economia
Na visão do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, "uma segunda urgência [no país] é a econômica. Neste sentido, ele defendeu o ingresso brasileiro na OCDE.
"Não há modernização sem mais comércio e investimentos, sem maior e melhor integração às cadeias globais de valor – daí o significado da nossa pauta de negociações comerciais. Não há modernização sem a exposição do país aos mais elevados padrões de políticas públicas – por isso é importante nosso cada vez mais estreito relacionamento com a OCDE", comentou.
O clima em alerta
Carlos Alberto Franco acredita que o país tem diante de si uma oportunidade de se tornar "vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo". Ele disse que é preciso "mostrar ao mundo uma matriz energética que é predominantemente renovável. Um setor elétrico que é três vezes mais limpo do que a média mundial e já pode ser considerado de baixo carbono".
Ele criticou o Código Florestal, sobretudo o que chamou de excessos, e disse que é possível mostrar "uma produção agropecuária que, além de ser capaz de alimentar o planeta, tem a marca da sustentabilidade. Quarenta anos de investimentos em ciência nos permitiram produzir mais com relativamente menos terra e com melhor uso do solo".