O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, advertiu o Japão sobre a aliança de Tóquio com Washington para combater Pequim, já que o Japão começou a falar mais sobre direitos humanos em Xinjiang antes da cúpula EUA-Japão na próxima semana.
Wang disse ao seu homólogo japonês, Toshimitsu Motegi, em um telefonema na noite de segunda-feira (5) que os dois países asiáticos devem garantir que as relações bilaterais "não se envolvam no chamado confronto entre os principais países", de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pela agência Associated Press.
"A China espera que o Japão, como um país independente, olhe para o desenvolvimento da China de uma forma objetiva e racional, em vez de ser enganado por alguns países que têm uma visão tendenciosa contra a China", afirmou Wang.
O Japão, um aliado próximo dos EUA que hospeda as principais bases navais e aéreas norte-americanas, compartilha das preocupações de Washington sobre o aumento militar de Pequim e as reivindicações de território nos mares do Sul e do Leste da China. No entanto, os principais interesses comerciais e de investimento do Japão na China refrearam, por vezes, as críticas de Tóquio a Pequim, relata a agência.
Direitos humanos e ilhas desabitadas
O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga viaja a Washington para se encontrar com o presidente norte-americano Joe Biden em 16 de abril, naquela que será a primeira cúpula presencial do líder dos EUA desde que assumiu o cargo em janeiro.
O democrata Biden, em contraste com seu antecessor, o republicano Donald Trump, enfatizou a reconstrução dos laços com aliados europeus e asiáticos enquanto os EUA se preparam para competir com uma China em ascensão.
Recentemente, o ministro das Relações Exteriores do Japão abordou a questão dos direitos humanos na região de Xinjiang, na China, e em Hong Kong, temas importantes para Biden. Motegi também reiterou o protesto do Japão contra a presença da China nas águas ao redor de um grupo de ilhas desabitadas no mar da China Oriental. Tóquio se opõe à reivindicação de Pequim das ilhas Senkaku, controladas pelos japoneses, chamadas Diaoyu na China.
Wang se opôs à interferência do Japão nos assuntos internos da China, em Xinjiang e Hong Kong, disse o comunicado chinês.
Taiwan é outro ponto de conflito potencial e se espera que a ilha Taiwan esteja na agenda da cúpula Japão-EUA, uma vez que no governo Biden crescem as preocupações com uma possível invasão chinesa de Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde.
Os aviões de guerra chineses estão cada vez mais entrando no espaço aéreo taiwanês e, após as novas vendas de armamentos norte-americanos para Taipei, a China protestou contra um acordo para fortalecer a cooperação entre as guardas costeiras dos EUA e de Taiwan.