Von der Leyen e Charles Michel, chefe do Conselho Europeu, visitaram a capital turca para tratar das relações entre União Europeia (UE) e Turquia com o presidente Recep Tayyip Erdogan. Na sala de reunião, no entanto, só havia duas cadeiras em frente às bandeiras turca e europeia.
Michel e Erdogan sentaram-se nas cadeiras enquanto von der Leyen olhava para os dois e expressava seu espanto com um "ehm" e um gesto de decepção. A chefe da Comissão Europeia, então, se sentou em um sofá, longe de seus colegas homens. O incidente acabou conhecido como "Sofagate".
Segundo uma fonte da UE, o encontro entre os três dirigentes durou mais de duas horas e meia.
Falando após o encontro com o líder turco, von der Leyen criticou a saída da Turquia da Convenção da Istambul, que visa combater a violência contra mulheres e a violência doméstica.
"As questões de direitos humanos não são negociáveis. Estou profundamente preocupada com o fato de a Turquia ter se retirado da Convenção de Istambul. Trata-se de proteger as mulheres e as crianças contra a violência, e este é claramente o sinal errado agora", disse a presidente da Comissão Europeia.
O porta-voz da Comissão da União Europeia, Eric Mamer, falou sobre o incidente com von der Leyen, destacando que ela ficou surpresa com o que aconteceu.
"A presidente deveria ter se sentado exatamente da mesma maneira que o presidente do Conselho Europeu e o presidente turco. Ela decidiu prosseguir de qualquer maneira, priorizando o conteúdo ao invés do protocolo, mas deixe-me enfatizar que a presidente espera que a instituição que ela representa seja tratada com o protocolo exigido", disse Mamer.
Nem a presidência turca nem o Conselho Europeu comentaram o incidente.
O incidente diplomático foi amplamente comentado nas redes sociais. A legisladora europeia Sophie in't Veld postou fotos de encontros anteriores entre os antecessores de Michel e von der Leyen com Erdogan – com os três homens sentados em cadeiras um ao lado do outro.
E não, não foi uma coincidência, foi deliberado. Por que o chefe do Conselho Europeu ficou em silêncio?