Os EUA afirmaram nesta quinta-feira (15) que Washington se reserva o direito de tomar outras medidas contra a Rússia, se necessário, e acompanhará de perto as respostas à nova rodada de sanções que impôs contra Moscou, relatou um alto funcionário do governo norte-americano a repórteres.
"Não vamos especular sobre quais serão as respostas da Rússia. Eles indicaram publicamente e em outros formatos que pretendem responder a isso, e teremos que ver o que eles escolherão fazer", disse o funcionário.
"Os EUA se reservam o direito, é claro, de tomar outras medidas conforme necessário, mas nossa opinião é que o melhor caminho a seguir neste ponto seria que os EUA e a Rússia saíssem da escada de escalada e encontrassem um caminho estável para a frente […]. Vamos acompanhar de perto as respostas do governo russo a isso e, em seguida, tomar decisões a partir disso no caminho a seguir", complementou.
Nesta quinta-feira (15), a administração do presidente democrata Joe Biden revelou ter aplicado novas sanções à Rússia por suposto envolvimento em desinformação, interferência e ciberataques nos EUA, e expulsou dez diplomatas russos de Washington.
Demonstração de força da Rússia
Washington vê o aumento de ativos militares russos perto de sua fronteira com a Ucrânia como uma "demonstração de força" que deve ser levada a sério, testemunharam oficiais de inteligência dos EUA perante o Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA nesta quinta-feira (15).
"Acho que a atividade que estamos considerando realmente em estreita parceria com o Comando Europeu dos EUA e os aliados da OTAN é o que caracterizaríamos como uma demonstração de força", disse o diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, tenente-general Scott Berrier.
"Tendo experimentado [em] 2008 na Geórgia [e em] 2014 na Ucrânia casos de agressão russa, todos nós temos que levar muito a sério o acúmulo que o general [Scott] Berrier descreveu, e nossos aliados estão levando isso muito a sério também", acrescentou o diretor da CIA, William Burns.
Caminho para conversas amigáveis
Ainda assim, os EUA esperam uma desaceleração das tensões com a Rússia e buscam um caminho estável e previsível para avançar, disse um alto funcionário do governo dos EUA a repórteres na quinta-feira (15).
"O presidente Biden falou com o presidente [da Rússia, Vladimir] Putin no início desta semana [...]. Ele [Biden] propôs uma reunião de cúpula nos próximos meses em um terceiro país da Europa para discutir toda a gama de questões em nosso relacionamento […]. Acreditamos que os próximos meses serão vitais para os dois líderes se sentarem para discutir toda a gama de questões que envolve nosso relacionamento", explicou o funcionário.
Medidas hostis
A Rússia considerou as novas sanções norte-americanas medidas hostis, principalmente por ocorrer poucos dias depois de o presidente dos EUA ter convidado Putin para se reunir "nas próximas semanas" a fim de discutir maneiras de melhorar as relações.
Washington é responsável pelo atual estado deplorável dos laços entre Moscou e Washington e deve reconhecer que terá de pagar pela degradação ainda maior das relações, disse nesta quinta-feira (15) a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
"Advertimos repetidamente os Estados Unidos sobre as consequências de seus passos hostis, que estão aumentando o confronto entre nossos países a níveis perigosos", disse Zakharova, falando em entrevista coletiva em Moscou.
A representante oficial do MRE russo frisou que a resposta de Moscou ao "comportamento agressivo" de Washington "inevitavelmente" receberia uma "repreensão decisiva" e lamentou que as novas sanções dos EUA vão contra os interesses dos povos dos dois países.