Detectada estrela recordista em carência metálica que pode explicar evolução inicial do Universo

A estrela recém-descoberta, designada cientificamente como SPLUS J210428.01−004934.2, é considerada rara, pois apenas 34 estrelas ultrapobres em metais foram detectadas até hoje.
Sputnik

Astrônomos relatam a descoberta de uma nova estrela ultrapobre em metais como parte do Levantamento Fotométrico do Universo Local Sul (S-PLUS, na sigla em inglês). A estrela recém-descoberta, designada SPLUS J210428.01−004934.2, revelou ter a menor abundância de carbono entre as estrelas ultrapobres em metais detectadas até agora. A descoberta é detalhada em um artigo publicado recentemente no portal de pré-impressão arXiv.

Estrelas pobres em metais (UMP, na sigla em inglês), com ferro do tipo abaixo de –4, são extremamente raras, já que apenas 34 desses objetos foram descobertos até hoje. Os astrônomos estão interessados em expandir a ainda pequena lista de estrelas pobres em metais, já que esses objetos têm o potencial de melhorar nosso conhecimento sobre a evolução química do Universo. Acredita-se que a evolução inicial do Universo seja dependente das propriedades da primeira geração de estrelas livres de metal.

Agora, um grupo de astrônomos liderados por Vinicius M. Placco, do Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia no Óptico-Infravermelho (NOIRLab, na diga em inglês), relata a mais recente adição à lista de UMP conhecidas – SPLUS J210428.01−004934.2 (ou SPLUS J2104−0049). A estrela foi identificada por fotometria S-PLUS de banda estreita e confirmada por espectroscopia de média e alta resoluções.

"O acompanhamento da espectroscopia de média e alta resoluções confirmou a eficácia da busca por estrelas de baixa metalicidade usando a fotometria de banda estreita S-PLUS", os pesquisadores anunciaram.

SPLUS J2104−0049 está localizada a cerca de 16 mil anos-luz de distância da Terra e pesa cerca de 0,8 massa solar. A estrela tem uma metalicidade em um nível de -4,03 e sua temperatura efetiva é estimada em cerca de 4.726 graus Celsius.

As observações descobriram que a rara estrela tem abundância de carbono de aproximadamente 4,34. Esta é a menor abundância de carbono já medida em uma estrela UMP e esclarece mais sobre sua origem, e os resultados sugerem que pode se tratar de uma estrela de segunda geração.

Os astrônomos supõem que esta estrela possa ter se formado em uma nuvem de gás poluída pelos subprodutos da evolução de um progenitor cerca de 30 vezes mais massivo que o Sol com uma energia de explosão imensa. Mas ainda é necessária uma investigação mais aprofundada da estrela para confirmar sua natureza.

"Esta descoberta abre a possibilidade de encontrar estrelas UMP adicionais diretamente de levantamentos fotométricos de banda estreita, um método potencialmente poderoso para ajudar a completar o inventário de tais objetos peculiares em nossa galáxia", concluíram os autores do artigo.
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