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Um manda e outro obedece? Pazuello diz à CPI que nunca recebeu ordens diretas de Bolsonaro

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negou que o presidente Jair Bolsonaro interferisse na atuação da pasta. 
Sputnik

Segundo o ex-ministro, o chefe de Estado nunca deu ordens diretas para que Pazuello mudasse a conduta de sua gestão. O militar comandou a pasta da Saúde durante a fase mais crítica da pandemia, entre maio de 2020 e março de 2021.

"Em momento nenhum o presidente me deu ordem para fazer diferente do que eu já estava fazendo", afirmou Pazuello. 

A resposta foi dada ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), que questionou se Bolsonaro pedia para o Ministério da Saúde se posicionar a favor de temas como o tratamento precoce contra a COVID-19. 

"O presidente nunca me deu ordens diretas para nada", garantiu Pazuello.

A fala de ex-ministro, no entanto, entra em contradição com declaração do próprio Pazuello, que, em outubro de 2020, após ser desautorizado por Bolsonaro em relação à compra da vacina CoronaVac, afirmou, ao lado do presidente, que "um manda, o outro obedece". 

Na ocasião, pouco depois de ser anunciado acordo do governo federal para aquisição do imunizante fabricado na China em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, Bolsonaro afirmou que a compra não seria feita. O chefe de Estado disse à época que os brasileiros não seriam "cobaias" da vacina chinesa. 

CoronaVac: 'Posição dele não interferiu'

Em seu depoimento à CPI, Pazuello disse que a frase representa "jargão militar, apenas uma posição de internet e mais nada". Segundo o militar, Bolsonaro nunca falou sobre a recusa diretamente com ele ou com o Ministério da Saúde.

"Ele falou publicamente, para o ministério ou para mim [não disse] nada. Só havia termo de intenção de compra e foi mantido. Uma postagem na Internet não é uma ordem. Ordem nunca foi dada", disse o ex-ministro. "Nunca o presidente mandou eu desfazer qualquer contrato ou acordo com o Butantan. O presidente também se posiciona como agente político. A posição dele não interferiu em nada no diálogo com o Butantan", acrescentou.
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