Seul indignada com comportamento de Tóquio em Dia da Libertação, mas afirma que 'porta está aberta'

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, deixou a porta aberta para conversações com o Japão em seu discurso pelo aniversário do Dia da Libertação, enquanto vários políticos japoneses visitavam um santuário relacionado com a Segunda Guerra Mundial na região, visto por muitos na Ásia como símbolo de militarismo.
Sputnik

Em seu último discurso enquanto presidente no Dia da Libertação, que assinala o fim do domínio colonial japonês de 1910 a 1945 sobre a península coreana, Moon afirmou que seu governo estava pronto para trabalhar com o Japão para enfrentar ameaças globais, tais como a pandemia do novo coronavírus e as alterações climáticas.

"Mantemos sempre a porta aberta para conversar", declarou o presidente neste domingo (15), citado pelo The Japan Times.

Em Tóquio, o dia 15 de agosto de 1945 simboliza sua rendição no final do conflito mundial, sendo que pelo menos três membros do gabinete do primeiro-ministro Yoshihide Suga – o ministro do Ambiente Shinjiro Koizumi, o ministro da Educação Koichi Hagiuda e o ministro da Exposição Mundial Shinji Inoue – visitaram separadamente o santuário de Yasukuni, que homenageia 14 líderes militares condenados como criminosos de guerra.

No entanto, as visitas de membros do governo a esse local são tipicamente vistas como cruzamento de uma linha vermelha diplomática, como um sinal de desrespeito pelas vítimas das agressões do Japão à Coreia do Sul e à China durante a guerra.

Seul indignada com comportamento de Tóquio em Dia da Libertação, mas afirma que 'porta está aberta'
"O governo [sul-coreano] expressa sua profunda decepção e lamenta que os líderes do governo japonês tenham, mais uma vez, feito oferendas ao santuário de Yasukuni, onde criminosos de guerra foram consagrados e as anteriores guerras de agressão do Japão são glorificadas", declarou o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, citado na matéria.

O governo de Moon acusa o Japão de não mostrar uma posição adequada em relação a questões históricas, e também tem se mostrado favorável a decisões dos tribunais sul-coreanos nos últimos anos que ordenaram compensações aos trabalhadores coreanos recrutados para trabalhar nas fábricas e minas em tempo de guerra no Japão.

Porém, o Japão afirma que todas as reivindicações foram "resolvidas completa e definitivamente" em um tratado firmado em 1965, que estabeleceu laços diplomáticos entre os dois países e considerou alguns dos procedimentos legais uma violação do direito internacional.

As tensões entre os dois países asiáticos que acolhem a maior parte das forças norte-americanas na Ásia refletem as dificuldades que o presidente Joe Biden enfrentará no processo de reparação dos laços frágeis entre os Estados vizinhos em causa, pois são fundamentais para ajudar a estabelecer a segurança contra as ameaças estratégicas colocadas pela China e pela Coreia do Norte.

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