No limbo: bloqueio dos EUA deixa venezuelanos com doenças crônicas incluindo crianças sem tratamento

Até pouco mais de dois anos atrás, a Fundação Simón Bolívar, dependente da embargada Citgo, cobria as despesas com transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda.
Sputnik

As sanções impostas pelos Estados Unidos à petroleira estatal venezuelana PDVSA e o embargo Citgo afetaram dezenas de venezuelanos com doenças crônicas, fazendo com que fossem suspensos os programas sociais de que se beneficiavam.

A Fundação Simón Bolívar, braço social da Citgo, que cobria os custos de transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda paralisou os atendimentos por conta da aplicação de sanções.

A Fundalatin, ONG de promoção e defesa dos direitos humanos, afirma ter conseguido documentar 195 casos de pacientes cujos tratamentos médicos foram suspensos por "medidas ilegais" dos EUA e alerta que a vida dessas pessoas está em perigo devido à falta de meios necessários para continuar a terapia.

Crianças sofrendo os efeitos de sanções

Quatro relatores especiais e dois especialistas independentes do Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciaram o impacto do bloqueio norte-americano sobre os direitos fundamentais dos venezuelanos e alertaram que centenas de pacientes com câncer podem morrer devido à aplicação excessivamente rígida de sanções.

No relatório, eles falam sobre pacientes com câncer, mas a realidade atinge todos aqueles que sofrem de uma doença crônica como diabetes ou AIDS, entre outras.

Em 2019, quando vieram as sanções ao PDVSA e ao Citgo, houve um impacto muito grande na população de crianças que aguardavam transplantes e tratamento de alto custo para ampliar o funcionalismo e evitar rejeições, explica o relatório.

"Por causa das sanções, muitos medicamentos anti-rejeição não chegaram ao nosso país e é muito triste quando você olha para o seu filho e não sabe como será o futuro dele", lamenta Yamileth Rojas, mãe de uma criança de 7 anos com diagnóstico de atresia do ducto biliar extra-hepático.

A denúncia dos relatores das Nações Unidas e seus argumentos chegaram até mesmo ao Tribunal Penal Internacional de Haia, de onde a Fundalatin foi informada de que "estão estudando os casos". A solicitação da ONG é que sejam permitidas transações que garantam o acesso dos pacientes à saúde.

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