Nesta quarta-feira (8), a Argentina será a anfitriã de uma prévia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês) que, entre 31 de outubro e 12 de novembro, reunirá os líderes mundiais em Glasgow, na Escócia.
Entretanto, o Brasil, representando pelo presidente Jair Bolsonaro, não estará presente. A lacuna vazia deixada por Brasília e ocupada pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, beneficia a estratégia do mandatário de ganhar mais protagonismo como líder da região em questões ambientais e pode aproximar Buenos Aires de Washington, segundo o portal UOL.
"A Argentina quer ocupar esse vácuo que o Brasil deixou. Com um bom olfato político, Fernández aproveita os foros internacionais para se posicionar", explicou o analista internacional argentino Raúl Aragón citado pela mídia.
Fernández vai conduzir a reunião virtual, intitulada "Diálogo de Alto Nível sobre Ação Climática nas Américas", no Museu do Bicentenário da Casa Rosada, sede do governo argentino.
Segundo a mídia, o encontro tem como objetivo "promover o diálogo para enfatizar a urgência de uma ação climática nas Américas, para impulsionar a arquitetura de mecanismos inovadores na implementação de ações e para incentivar a cooperação no continente".
Presidente da Argentina, Alberto Fernández, observa durante a sessão da 138ª legislatura do Congresso Nacional em Buenos Aires, Argentina (foto de arquivo)
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No entanto, há dúvidas de até que ponto a iniciativa de Fernández de promover essa reunião tem como intenção apenas a questão ambiental. De acordo com o portal, Buenos Aires procura aprofundar o seu diálogo com Washington no contexto da sua necessidade de um acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A pergunta é até que ponto a agenda ambiental de Fernández é genuína ou é apenas parte de uma estratégia de política internacional", questionou o cientista político Carlos Meléndez, da Universidade Diego Portales do Chile citado pela mídia.
Se o ex-presidente Donald Trump representava distância para o governo argentino, Joe Biden oferece uma chance de aproximação, exatamente o contrário do que representa para o Brasil.
Trump é uma das figuras reverenciadas por Bolsonaro, e durante sua gestão, teve forte influência na política brasileira. O não comparecimento do chefe do Executivo brasileiro na reunião virtual de hoje (8), é a mais visível, mas também a mais previsível, diante das diretrizes que Bolsonaro segue durante sua gestão na questão ambiental.