O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que acredita que os ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos demais Poderes ficaram no passado após a nota de recuo assinada pelo presidente.
"Aquelas frases do tipo 'não vou cumprir decisão judicial', eu acho que a partir de hoje [9 de setembro], pelo menos tive muito fortemente essa sensação na conversa muito objetiva que o presidente Bolsonaro teve comigo, eu sinto que isto é coisa do passado. Quando se diz, 'olha, vamos contar o tempo a partir daqui', é porque ele vai pautar-se por esse documento, por essa declaração que lançou no dia de hoje", afirmou Temer à emissora CNN Brasil.
Bolsonaro recebeu o ex-presidente para um almoço no Palácio da Alvorada na quinta-feira (9). O encontro durou cerca de quatro horas. Assessores que acompanharam a reunião afirmam que, na conversa, Temer aconselhou o presidente a publicar um "manifesto de pacificação" para reaproximar os Poderes, e o ajudou a escrever o texto.
Jair Bolsonaro recebe abraço de Michel Temer em sua tomada de posse, Brasília, 1º de janeiro de 2019
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O resultado foi a "Declaração à Nação", divulgada no site do governo federal, no qual o presidente Bolsonaro afirma que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos Poderes".
Bolsonaro também conversou por telefone com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em ligação mediada por Temer.
Nos atos do 7 de setembro, o presidente fez discursos com fortes críticas ao Judiciário, sobretudo ao Supremo Tribunal Federal (STF). O principal alvo das críticas foi o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos contra o presidente e seus aliados. Bolsonaro afirmou que descumpriria decisões de Moraes, a quem chamou de canalha.
"Ao meu modo de ver, este documento [nota] que tivemos oportunidade de sugerir, colaborar, é um documento que revela um compromisso dele com a Constituição, com a harmonia entre os Poderes. Faz até uma referência ao ministro Alexandre de Moraes, em face de falas que ele teve durante aquele encontro na Paulista", acrescentou Temer.