Ante tal situação, "o diretor-geral [da AIEA, Rafael Grossi] salienta que a decisão do Irã em não permitir a AIEA acessar a instalação de fabricação de componentes da centrífuga TESA Karaj, é contrária aos termos acordados na Declaração Conjunta emitida em 12 de setembro", citado pelo The Times of Israel.
"Entre 20 e 22 de setembro, Teerã permitiu que os inspetores da AIEA verificassem equipamentos de monitoramento e vigilância de áreas identificadas, e substituíssem os meios de armazenamento em todos os locais necessários no Irã, com exceção da instalação de fabricação de componentes de centrífugas no complexo TESA Karaj", conforme a declaração da AIEA, citada pela agência Reuters.
Essa instalação foi, supostamente, vítima de uma sabotagem em junho deste ano, na qual uma das quatro câmeras da AIEA foi destruída. A República Islâmica, no entanto, não devolveu o "meio de armazenamento de dados" dessa câmera, pelo que a agência apontou em seu relatório deste mês que havia pedido ao Irã que a localizasse e desse explicações, uma vez que, segundo o acordo, a AIEA deveria fazer a substituição das câmeras de segurança.
Tal evento toma lugar em meio a negociações tensas e paralisadas para reativar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), firmado em 2015, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções sobre o país.
Contudo, essa não é a primeira vez que a AIEA tem problemas em suas inspeções das usinas nucleares persas. No início deste mês, a agência em causa criticou a República Islâmica por bloquear uma investigação sobre atividades anteriores e colocar em risco um importante trabalho de monitoramento, possivelmente complicando os esforços para retomar as negociações sobre o acordo nuclear.
Em seus dois relatórios, a AIEA disse que não houve progresso em duas questões principais: explicação para vestígios de urânio encontrados em 2020 em vários locais antigos não declarados, e obtenção de acesso urgente a alguns equipamentos de monitoramento.