Kremlin: alegações de que Rússia roubou fórmula da vacina AstraZeneca não têm nada de científico

A vacina contra o novo coronavírus desenvolvida conjuntamente pela Universidade de Oxford e a empresa sueco-britânica AstraZeneca utiliza um vetor viral para entregar informações de DNA, uma tecnologia que é conhecida há décadas.
Sputnik
No entanto, o imunizante do Reino Unido usou um adenovírus modificado de chimpanzé como vetor, enquanto a vacina russa Sputnik V utiliza adenovírus humano.
Um artigo recém-publicado no tabloide britânico The Sun alega que um espião russo roubou a fórmula que ajudou a desenvolver a vacina da Oxford/AstraZeneca, levando-a para Moscou. Esse artigo não tem nada de científico, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"O Sun é um jornal bem conhecido e profundamente não científico. Bem, eu suponho que é assim que tratamos essas publicações", disse o porta-voz.
O artigo foi publicado neste domingo (10 de outubro) e alega que os serviços de segurança do Reino Unido acreditam que um espião russo "copiou o fórmula" do imunizante da AstraZeneca contra a COVID-19.
O jornal não revelou a fonte dessas alegações, nem esclareceu que provas teriam levado os serviços de segurança britânicos a suspeitar que a Rússia tinha roubado a fórmula.
Os desenvolvedores da vacina russa Sputnik V comentaram também a publicação sobre o alegado "roubo da fórmula" da vacina, afirmando que "mentiras na mídia minam a parceria global no combate à COVID-19".
​Os tabloides do Reino Unido estão novamente espalhando velhas notícias falsas sobre tecnologia “roubada”. Sputnik V é baseado em plataforma adenoviral humana projetada há 7 anos, muito diferente da vacina AstraZeneca, baseada no adenovírus de chimpanzés. Mentiras na mídia minam a parceria global para combater COVID.

Não precisamos segredos dos outros

O Centro Gamaleya tem mais de 60 anos de experiência no desenvolvimento de suas próprias vacinas, não precisamos de segredos dos outros, disse à Sputnik o senador e médico emérito da Rússia Vladimir Krugly, comentando a publicação do tabloide britânico.
"Isso é completamente absurdo. O Instituto Gamaleya tem mais de 60 anos de experiência no desenvolvimento de vacinas baseadas em adenovírus. Ainda está por saber quem roubou a quem", afirmou senador.
Ele observou que o instituto tem sua própria base bem estabelecida para o desenvolvimento de vacinas, "não faz sentido para eles roubarem segredos dos outros", concluiu.
Vale ressaltar que os fármacos usam vírus diferentes como vetor – enquanto o imunizante da AstraZeneca usa um adenovírus modificado de chimpanzé, os fabricantes de Sputnik V optaram por um adenovírus humano mais estudado.
Além disso, as duas vacinas têm demonstrado em ensaios clínicos níveis de eficácia diferentes: o imunizante russo apresentou uma eficácia em média de 91,6% de , enquanto o britânico mostrou 81,3 % de eficácia.
Comentar