História da mumificação deve ser reescrita? Cientistas fazem descoberta surpreendente

Até agora a comunidade científica acreditava que técnicas avançadas como o uso de faixas de linho excepcionalmente finas e resina de alta qualidade não eram usadas antes de cerca de 1000 a.C.
Sputnik
A mumificação egípcia já era avançada há mais de 4.000 anos, revelaram cientistas citados no domingo (24) pelo portal The Guardian.
Em 2019 foi encontrado o corpo mumificado de Khuwy, um nobre do antigo Egito que viveu há cerca de 4.300 anos, cuja múmia é também uma das mais antigas já descobertas.
A múmia é mais velha do que pensávamos: um novo achado reescreve os livros de história
No entanto, o cadáver foi encontrado com uma faixa de linho excepcionalmente fina e resina de alta qualidade, materiais mais sofisticados que se pensava serem usados apenas 1.000 anos depois.
"Até agora, pensávamos que a mumificação do Império Antigo [entre séculos XXVII e XXII a.C.] era relativamente simples, com dessecação básica, nem sempre bem-sucedida, sem remoção do cérebro, e apenas ocasionalmente com remoção dos órgãos internos", explica Salima Ikram, diretora de Egiptologia da Universidade Americana no Cairo, Egito.
"Na verdade, era dada mais atenção à aparência exterior do falecido do que ao interior. Além disso, o uso de resinas é muito mais limitado nas múmias do Império Antigo registradas até agora. Esta múmia está inundada de resinas e tecidos e dá uma impressão completamente diferente de mumificação", indicou ela.
Mohamed Mujahid (à esquerda), chefe da missão egípcia que descobriu o túmulo do antigo nobre egípcio Khuwy, datado da 5ª dinastia (2494-2345 a.C.), inspeciona as paredes internas do túmulo na necrópole de Saqqara, cerca de 35 quilômetros ao sul da capital Cairo, 13 de abril de 2019
A descoberta será publicitada durante o quarto episódio da série documental "Tesouros Perdidos do Egito" ("Lost Treasures of Egypt" em inglês), o qual estreará em 28 de novembro na emissora National Geographic.
"Se esta é realmente uma múmia do Império Antigo, todos os livros sobre mumificação e a história do Império Antigo precisarão ser revisados", comentou Ikram.
"Isso viraria completamente ao contrário nossa compreensão da evolução da mumificação. Os materiais utilizados, suas origens e as rotas comerciais associadas a eles terão um impacto drástico na nossa compreensão do Império Antigo do Egito."
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