Especialista norte-americano aponta resultado 'preocupante' da aliança AUKUS

Segundo um membro de um think tank dos EUA, não só o fornecimento de submarinos nucleares à Austrália deverá ser operacionalmente ineficaz, como fortalecerá a cooperação russo-chinesa.
Sputnik
A aliança AUKUS, entre a Austrália, Reino Unido e EUA, para fornecer a Camberra submarinos movidos a energia nuclear, poderá fortalecer a cooperação entre a Rússia e China, de acordo com colunista do portal Defense News.
Em um artigo de opinião publicado na sexta-feira (29), Lyle Goldstein, que é membro do think tank norte-americano Defense Priorities, citou em primeiro lugar Malcolm Turnbull, ex-premiê da Austrália (2015-2018), que se expressou incrédulo sobre como um país sem programa de energia nuclear civil poderia colocar em prática um programa de fabricação e operação de submarinos nucleares.
Turnbull também apontou que os submarinos só chegarão dentro de 20 anos, sendo mais caros que os acordados com a França em 2016.
Goldstein citou ainda um artigo de 14 de outubro no jornal Global Times que insta a China e a Rússia a fortalecerem a cooperação marítima transversal em meio à "pressão crescente" nesse setor, e que essa cooperação pode impulsionar as vantagens de cada um dos dois países. Entre as medidas propostas está a cooperação marítima não só no Pacífico, mas também no Atlântico e no Ártico.
"Pequim e Moscou têm estado coordenando a estratégia marítima já por algum tempo. De fato, muitas das aeronaves, submarinos e mísseis da China têm origens na Rússia. A frota chinesa já fez algumas aparições limitadas tanto no mar Báltico como no mar Negro", comentou.
Ele acrescentou que em agosto de 2020 a China e a Rússia anunciaram uma cooperação inédita na construção de submarinos convencionais, e Pequim comprou de Moscou um grande número de helicópteros de ataque navais. Além disso, ambos os países conduziram exercícios navais conjuntos no mar do Japão (também conhecido como mar do Leste), durante os quais a China usou um cruzador avançado Type 055.
Submarino da classe Collins movido a diesel e energia elétrica da Marinha Real da Austrália no porto de Sydney, Austrália, 12 de outubro de 2016
Sobre os eventuais submarinos australianos, o autor do artigo, notou que os submarinos em geral não devem fazer diferença contra campos de minas e os vastos números de militares chineses desembarcando em Taiwan usando helicópteros, paraquedas e até pequenos barcos.
Além disso, a opção de submarinos nucleares poderia não ser ideal para as águas "rasas e frequentemente confinadas" do litoral da região, e submarinos modernos movidos a diesel seriam provavelmente muito mais silenciosos e baratos.
Por fim, o especialista disse estar preocupado que a aliança anglófona forçará a Rússia e a China a aumentar ainda mais sua parceria naval, com a primeira a navegar por décadas com os porta-aviões chineses, enquanto a segunda usará submarinos nucleares avançados russos, ao mesmo tempo que os dois lados colaborarão na criação de "drones letais e caças de lançamento vertical".
"Um casamento semipermanente entre o gênio do design militar da Rússia e a perspicácia da produção industrial da China em grandes projetos poderá ser o legado mais preocupante do negócio do AUKUS", conclui Lyle Goldstein.
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