A economista e democrata Lael Brainard, diretora do Fed, que também estava cotada para o posto mais alto da instituição, foi escolhida por Biden para a vice-presidência do banco. Ela é defensora de políticas para questões climáticas e trabalha na regulação bancária e política monetária da instituição.
Os Estados Unidos precisam de uma liderança estável, independente e eficaz no Federal Reserve. É por isso que nomearei Jerome Powell para um segundo mandato como presidente do Conselho de Governadores do Sistema de Reserva Federal e a dra. Lael Brainard para servir como vice-presidente do Conselho.
A renomeação de Powell, um republicano indicado pelo ex-presidente Donald Trump, ocorre após um dos períodos mais tumultuados na economia do país, com recessão e altos índices de inflação em meio ao enfrentamento à pandemia de COVID-19.
A escolha sofreu oposição da ala política mais à esquerda do establishment democrata de Biden, que criticou a presidência do Fed por regulamentações brandas do banco.
Joe Biden, presidente dos EUA, durante declaração conjunta com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, sobre tarifas de aço e alumínio, à margem da cúpula dos líderes do G20 em Roma, Itália, 31 de outubro de 2021
© REUTERS / Kevin Lamarque
Tanto Powell como Brainard ainda terão que passar por audiências no Senado para confirmar a decisão presidencial.
Biden, no cargo desde 20 de janeiro deste ano, enalteceu o papel desempenhado por Powell e Brainard durante a recuperação dos EUA na pandemia.
"Fundamentalmente, se quisermos prosseguir com o sucesso econômico deste ano, precisamos de estabilidade e independência no Federal Reserve", disse Biden em um comunicado divulgado pela Casa Branca. "E tenho total confiança, após a prova de fogo nos últimos 20 meses, de que o presidente Powell e a dra. Brainard fornecerão a grande liderança de que nosso país precisa."
Atuação do Fed, crescimento econômico e inflação
Sob o comando de Powell, o Fed tem recebido intensas críticas desde que a pandemia atingiu o país em 2020.
No ano passado, a economia norte-americana encolheu 3,5%, devido a paralisações de diversas atividades e outros fatores causados pela pandemia.
Já em 2021, o crescimento tem sido irregular, com expansão anualizada de 3,5% no primeiro trimestre, 3,6% no segundo e 2,0% no terceiro.
Em março, o Fed anunciou que esperava uma expansão econômica de 6,5% para 2021 e não alterou a meta, apesar do crescimento desigual nos últimos três trimestres.
O maior obstáculo do banco é a inflação, que tem elevado os preços dos produtos e corroído salários dos norte-americanos.
O Departamento de Trabalho informou, no início deste mês, que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que representa uma cesta de produtos que vão desde a gasolina e cuidados de saúde a mantimentos e aluguéis, subiu 6,2% no acumulado do ano até outubro. Foi o maior crescimento do índice desde novembro de 1990. A aceleração foi impulsionada, principalmente, pelos preços da bomba de combustível.
Funcionários do Fed que compartilham o pensamento de Powell descreveram as atuais pressões sobre os preços na economia como "transitórias" e defendem que a situação deverá melhorar com a normalização da mão de obra e do fornecimento de materiais.