O governo alemão exortou congressistas dos EUA para não imporem sanções ao gasoduto russo Nord Stream 2, insistindo que tal ação "prejudicará a unidade transatlântica", informou no domingo (28) o portal Axios, citando documentos recém-obtidos.
"Sanções dos EUA visando o Nord Stream 2 minariam o compromisso dado pela Alemanha à Declaração Conjunta [de 21 de julho de Berlim e Washington], enfraqueceriam a credibilidade do governo dos EUA e poriam em perigo as realizações da Declaração Conjunta, incluindo as provisões apoiando a Ucrânia", indica um documento alemão datado de 19 de novembro, marcado como "classificado".
A Declaração Conjunta dos Estados Unidos e Alemanha em Apoio à Ucrânia, Segurança Energética Europeia e Nossos Objetivos Climáticos foi acordada em julho por Joe Biden, presidente dos EUA e Angela Merkel, chanceler da Alemanha. Antes dela Biden renunciou às sanções à empresa responsável pela certificação do Nord Stream 2. A Declaração Conjunta prevê que Berlim tome ações, incluindo sanções, se a Rússia "usar energia como arma" contra a Ucrânia e a Europa.
O documento de 19 de novembro afirma que a Alemanha continua agindo em conformidade com o espírito da Declaração Conjunta, incluindo "pressão pública, medidas políticas e medidas econômicas" para punir a Rússia por qualquer potencial transgressão. Essas incluem "avaliar" a suspensão de encontros políticos futuros e rever "possíveis" limitações e restrições a futuros projetos de combustível fóssil russo, não incluindo o Nord Stream 2.
Ao mesmo tempo, argumentam que o gasoduto não é de forma alguma uma ameaça à Ucrânia "desde que um trânsito de gás razoável seja assegurado". Segundo o documento de 19 de novembro, a Declaração Conjunta permite à Alemanha e aos EUA assegurar que Moscou "honrará o atual acordo de trânsito de gás com a Ucrânia e vai prorrogá-lo além de 2024".
De uma forma semelhante, "a concessão da certificação [ao Nord Stream 2] não colocará em risco a segurança do fornecimento de gás na Alemanha e na UE", garante o documento, citando avaliação do Ministério Federal para Assuntos Econômicos e Energéticos (BMWi, na sigla em alemão) e do órgão regulador independente.
Sobre o recente forte aumento de preços do gás na Europa, o documento declara que se trata de "um fenômeno global, e não pode ser atribuído exclusivamente à Rússia".
"A Rússia está atualmente cumprindo todas as obrigações de entrega, incluindo o acordo de trânsito de gás com a Ucrânia, mas pode fazer mais: anúncios recentes por [Vladimir] Putin em aumentar as entregas para armazéns de gás europeus, são um passo na direção certa", comenta o documento.
Na segunda-feira (22) o Departamento de Estado dos EUA informou o Congresso norte-americano que impôs novas sanções a uma embarcação e uma "entidade ligada à Rússia", chamada Transadria Ltd. e relacionada com o projeto Nord Stream 2.