A enorme "relutância" dos EUA em retirar as sanções contra Teerã é o "maior obstáculo" para avançar nas negociações em Viena, Áustria, para restaurar o acordo nuclear, disse um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Irã, citado no sábado (5) pela agência iraniana Tasnim.
"Agora é claro que a relutância de Washington em desistir completamente das sanções é o principal desafio para o progresso nas discussões", comentou ele.
De acordo com o funcionário da chancelaria iraniana, "assim que o governo dos EUA abandonar a campanha de máxima pressão e as partes europeias mostrarem a vontade política necessária nas negociações, o caminho para conseguir imediatamente um acordo será aberto".
Na segunda-feira (29), no início da sétima rodada de negociações para restaurar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), Teerã insistiu que apenas com a retirada das sanções o país persa aceitaria regressar ao acordo, tendo entregado duas propostas às restantes partes, uma sobre a remoção de sanções, e outra relativamente às limitações nucleares. O Irã também disse que entregaria uma terceira proposta dobre os mecanismos para prevenir a saída do acordo pelos EUA.
Mais tarde, na sexta-feira (3), os EUA interromperam as discussões, considerando que o Irã "não parece sério" em querer chegar a um acordo com o país norte-americano, e criticando as exigências feitas pelo lado iraniano.
"Ao contrário das afirmações dos funcionários americanos, eu acredito que, se as outras partes tiverem boa vontade e pararem seu jogo de culpas, um acordo estará à vista", acrescentou o alto funcionário iraniano citado pela Tasnim.
"As outras partes devem dar respostas próprias ou apresentar novas propostas e ideias claras por escrito [...] Nesse caso, surgirão caminhos para a conclusão do acordo e a resolução de diferenças", apontou ele.
Após assinar o JCPOA em 2015 com o Irã e outros países, o país norte-americano deixou o pacto em 2018 sob a administração de Donald Trump (2017-2021), e reimpôs sanções a Teerã, levando os iranianos a abandonarem gradualmente os termos do acordo a partir de 2019. A chegada ao poder nos EUA de Joe Biden em 2021 não alterou muito a dinâmica, com Washington impondo mais sanções ao longo deste ano, apesar da disponibilidade declarada de voltar ao acordo nuclear.