Desgastada por ataques de drones e mísseis em seu território lançados semanalmente pelos rebeldes houthis baseados no Iêmen, a Arábia Saudita está ficando sem munição para se defender e está apelando urgentemente aos EUA e seus aliados do Golfo e da Europa para ajudarem no reabastecimento, de acordo com o The Wall Street Journal.
O governo saudita está solicitando que os EUA forneçam mais centenas de interceptores Patriot fabricados pela Raytheon Technologies Corp. e também abordou aliados do Golfo, incluindo Catar e países europeus.
O governo saudita está solicitando que os EUA forneçam mais centenas de interceptores Patriot fabricados pela Raytheon Technologies Corp. e também abordou aliados do Golfo, incluindo Catar e países europeus.
De acordo com a mídia, o Exército saudita consegue se defender da maioria das barragens com seu sistema de mísseis superfície-ar Patriot, mas seu arsenal de interceptores – mísseis usados para derrubar armas aerotransportadas – está com pouquíssimas reservas.
Riad também fica vulnerável porque o sistema de mísseis Patriot é projetado para conter mísseis balísticos, não pequenos drones. As baterias Patriot não podem girar 360 graus, por exemplo, limitando sua eficácia.
O apelo do governo saudita testou o compromisso dos EUA com o Oriente Médio e, em particular, com o país saudita, uma vez que o governo Biden tentou reformular a relação em uma série de questões, incluindo direitos humanos.
Entretanto, em uma indicação de tensão, a visita planejada do secretário de Defesa, Lloyd Austin, a Riad em setembro foi subitamente cancelada. Mais tarde, ele disse a repórteres que o reino havia cancelado a visita por conta de problemas de agenda. No entanto, Austin voltou à região em novembro, mas não viajou para a Arábia Saudita.
Além disso, também em setembro, os EUA admitiram que estavam retirando parte do seu sistema antiaéreo avançado Patriot da região, conforme noticiado.
Destroços de um veículo no local de um ataque mortal de carro-bomba efetuado pelos houthi contra dois altos funcionários do governo saudita na cidade portuária de Aden, Iêmen, 10 de outubro de 2021
© AP Photo / Wael Qubady
Ao mesmo tempo, o governo norte-americano mantém a posição de aliado do país saudita e diz que "está trabalhando em estreita colaboração com os sauditas e outros países parceiros para garantir que não haja lacunas na cobertura [diante dos ataques de drones]", afirmou um alto funcionário do governo citado pela mídia.
De fato, é como se a administração de Joe Biden ficasse dividida: ao mesmo tempo que censura a Arábia Saudita no que diz respeito à violação dos direitos humanos, sofre pressão do lobby bélico norte-americano, já que o país saudita é o segundo maior comprador de armas estadunidenses.
Em novembro, o Departamento de Estado dos EUA aprovou e o Congresso foi notificado da venda de um sistema conhecido como sistema de mísseis ar-ar de médio alcance avançado, por cerca de US$ 650 milhões (R$ 3,6 bilhões). O governo saudita solicitou a compra de 280 mísseis e 596 lançadores de mísseis ferroviários para defender o reino contra tais ataques.
Segundo outro funcionário do governo saudita citado pelo jornal, o número de ataques contra o reino cresceu significativamente. Os drones atingiram o território saudita 29 vezes, junto a 11 ataques com mísseis balísticos em novembro, em outubro, foram 25 ataques de drones e dez de mísseis balísticos.
Timothy Lenderking, enviado especial dos EUA para o Iêmen, disse em um fórum na sexta-feira (4) que os houthis realizaram cerca de 375 ataques internacionais na Arábia Saudita em 2021.